“19 Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.
20 E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.
21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
22 E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
23 Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.
24 Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
25 Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.”
Os apóstolos estavam aterrorizados pelas coisas que haviam sucedido em relação a Jesus e quanto às ameaças que estavam fazendo aos Seus seguidores, de maneira que estavam escondidos a portas fechadas.
No entanto, a mensagem que Maria Madalena levaria a eles da parte do Senhor serviria para tranquilizá-los, porque Ele disse que estaria ainda com eles na tarde daquele domingo da Sua ressurreição.
O fato de não ter enviado tal mensagem por Pedro ou por João a todos eles, mas por Maria, tinha também o propósito de evitar que pudesse ser suscitado entre eles que Ele havia escolhido a Pedro e a João como os chefes dos demais apóstolos, pela informação privilegiada que tinha dado a eles.
Mas exatamente para evitar este perigo de se levantar um líder supremo no meio deles, uma vez que todos estavam investidos igualmente da mesma autoridade apostólica, apareceu primeiro a uma mulher e fez dela uma apóstola naquela hora, para os Seus apóstolos, de maneira que se mantivessem humildes, considerando os outros superiores a si mesmos, para serem curados deste mal que é o desejo de se estabelecer como chefe sobre o rebanho do Senhor, que deveria ser apascentado, e não dominado por eles.
Tomé foi o primeiro cristão a faltar à primeira reunião da igreja num domingo, quando o Senhor apareceu no meio dos discípulos no lugar em que eles se encontravam para lhes confortar dizendo que a paz fosse com eles, por duas vezes, e também lhes dando uma primeira unção especial do Espírito, para terem forças para aguentar a pressão da perseguição até o dia do Seu derramamento no dia de Pentecostes.
Do sábado da páscoa até o dia de Pentecostes, eram contados 50 dias corridos, daí o nome Pentecostes.
Como os discípulos teriam que retornar da Galiléia para Jerusalém para permanecerem em oração unânime até serem revestidos do alto com o poder do Espírito, e como Jesus lhes apareceu ainda por um espaço de 40 dias depois da Sua ressurreição (At 1.3). Então, desde que Ele subiu aos céus, até o Pentecostes decorreriam ainda cerca de 10 dias.
Eles precisariam ter um primeiro revestimento de poder do Espírito para permanecerem perseverantes suportando aqueles dias de perseguição e grande tensão.
Assim Jesus soprou o Espírito sobre eles, ainda naquele primeiro domingo, no qual havia ressuscitado, para que eles fossem revestidos de poder.
De igual maneira nós necessitamos ser revestidos do poder do Espírito para continuarmos fazendo a obra do evangelho no meio das perseguições e oposições que sofremos do reino das trevas.
Isto era necessário para os discípulos porque Jesus havia confirmado mais uma vez, naquele domingo da ressurreição, que a missão deles era a mesma que o Pai lhe havia dado.
Eles haviam recebido as chaves do reino dos céus. Deus falaria agora, dali por diante somente através daqueles que têm fé em Jesus.
Aqueles que cressem na pregação do evangelho através daqueles que têm sido enviados por Cristo, desde os apóstolos, teriam os seus pecados perdoados, assim como aqueles que se recusassem a crer na pregação deles, teriam os seus pecados retidos, isto é, não perdoados por Deus.
Quando Tomé chegou, Jesus já havia se retirado, e tendo os demais discípulos dito a ele que haviam visto o Senhor, Tomé não creu na palavra deles, e disse que creria somente caso visse o sinal dos cravos nas suas mãos e o seu lado que havia sido perfurado pela lança do soldado romano.
Jesus havia mostrado tanto as Suas mãos perfuradas, quanto o seu lado, aos discípulos, quando esteve com eles naquela tarde de domingo, mas não foi por tais evidências que eles creram nEle, senão por Suas palavras.
De igual maneira nós devemos crer agora, porque não vemos o Jesus no qual nós cremos, mas vivemos pela fé nas Suas Palavras.
Afinal a fé não é a convicção e certeza do que vemos e que temos ao alcance do toque das nossas mãos, mas do que não vemos e esperamos, porque confiamos nas promessas do Senhor.
No plano de Deus Jesus deveria ressuscitar num domingo e não em um sábado, para colocar uma grande distinção entre a Antiga e a Nova Aliança, e para demonstrar que havia realmente revogado a Antiga, porque dali em diante, o dia de reunião da Igreja para a adoração pública não seria mais no sábado, mas no domingo.
|