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CARTA ABERTA À PRESIDENTA DA REPÚBLICA
Moacyr Medeiros Alves

Não sou político nem nunca fui filiado a partidos políticos. Não tenho estômago para me dedicar à política.

     Mas como são eles, os políticos, que fazem as leis e administram o país, como cidadão brasileiro, acompanho, dentro do possível, seus passos.

     Confesso que em 1959, com 23 anos de idade, movido pela inexperiência da mocidade, brinquei com a seriedade do ato de votar ao sufragar o nome do rinoceronte Cacareco para a Câmara Municipal de São Paulo. Era jovem, e entrei na onda de descontentamento dos eleitores da época. Um deles, justificando o voto dado ao paquiderme, afirmou: “É melhor eleger um rinoceronte do que um asno”.

     Mas posteriormente concluí, por moto próprio, que não se deve brincar com coisas sérias.
     Esse negócio de bancar o gozador com coisas que afetam nossas vidas votando em candidatos que, pelo ridículo que representam, possam denunciar a insatisfação do eleitor, é atitude de asno que não quis votar num asno mais esperto que ele, pois que este é político. E a conta que paga por essa irresponsabilidade é extremamente cara.

     Concluí, destarte, que é mais inteligente cancelar o voto, se nenhum candidato tiver o perfil adequado ao exercício do cargo que pleiteia ocupar. E foi o que fiz durante um bom tempo, não me deixando levar pelas conversas dos maus políticos que infestam esta pobre Nação.

     Tudo que disse acima foi para embasar a decepção que o PT – Partido dos Trabalhadores – está proporcionando aos segurados e pensionistas do INSS que tiveram seus benefícios cassados, obrigando-os a recorrer à justiça para terem seus direitos restituídos.

       Embora deteste política, nos tempos atuais tenho sido eleitor do PT. E digo que não me arrependo, pois os oito anos do Lula foram a meu ver altamente positivos ao país, se comparados aos oito anos de seu antecessor. Por isso votei em Dilma, sua sucessora.

     Mas, senhora presidenta, é constrangido que lhe digo que não se pode penalizar ninguém sem a certeza de que esse alguém deve, de fato, ser penalizado.

     Isso é um princípio elementar de Justiça. Então cassar um direito antes de provar que ele é ilegítimo, é condenar antes de julgar. É uma arbitrariedade; uma detestável arbitrariedade; ainda mais quando os atingidos são, em sua maioria, integrantes das classes menos favorecidas. Trabalhadores e dependentes de trabalhadores.

     Combater a fraude é necessário! Mas não à custa de inocentes.

     Entretanto é isso que o INSS vem fazendo. Cassando direitos de pessoas humildes -- idosos, viúvas e órfãos que vivem quase que exclusivamente da percepção desses minguados benefícios, -- sem antes comprovar que são produtos de fraude. É, como já disse, condenar antes de julgar.

     Que se prendam os fraudadores!

     A propósito, a advogada Georgina de Freitas continua presa ou devolveu os bilhões de reais que surrupiou do INSS, dinheiro da contribuição suada do trabalhador brasileiro?

     E num país como o nosso, em que os crimes de colarinho branco, mesmo quando denunciados e comprovados, nunca levam seus autores à prisão, continuando, esses privilegiados delinquentes, muitas vezes, a ocupar importantes cargos da administração pública, como usar desse extremo rigor contra os menos favorecidos fundando-se em meras suposições?
     
     E por um governo que disse que vinha para acabar com as injustiças!

     Não, senhora presidenta! O que vocês do PT estão fazendo com o trabalhador brasileiro não conjumina com os princípios de justiça nem com a eterna pregação do Partido dos Trabalhadores, cujos candidatos tenho prestigiado com meu voto. Desse jeito, não sei se volto a fazê-lo!!!




















Biografia:
- Moacyr Medeiros Alves, o Moa, como gosta de ser chamado, nasceu em Agudos (SP) em 08/03/1936, já órfão de pai -- seu pai faleceu 6 meses antes de seu nascimento. Sua mãe, viúva com 5 filhos, mudou-se em princípios de 1.940 para a capital do estado, indo morar em habitações coletivas, os chamados cortiços, no bairro do "Bixiga", onde ele passou a infância. Em dezembro de 1.950 o Moa, que já trabalhava desde os 9 anos de idade, ingressou como "office-boy" na organização Philips, empresa holandesa do ramo eletrônico. Trabalhando de dia e estudando de noite, conseguiu, com sacrifício, concluir o curso técnico de contabilidade. Em 1.959, aprovado em concurso público, entrou para o quadro de escriturários do Banco do Brasil onde trabalhou até 1.982, aposentando-se como gerente-adjunto da agência de Itararé (SP). Grande apreciador do cancioneiro popular brasileiro, do período que abrange a denominada "Época de Ouro" de nossa música, tem em sua discoteca, entre LPs e CDs, obras de quase todos os cantores e instrumentistas do tempo em que -- como dizia o radialista Rubens de Moraes Saremento -- "as fábricas de pandeiro davam lucro". Além de escrever "abobrinhas", como ele próprio define seus escritos, o Moa tem ainda como "hobby" a leitura e a fotografia.
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