Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
PORTA-VOZ
Moacyr Medeiros Alves

Anoitecia na cidade grande.

     A pouca claridade emanada das fracas lâmpadas da rede pública de iluminação dava àquela rua central da populosa urbe um aspecto de lúgubre desolação.

     Nesse melancólico cenário de lusco-fusco vespertino, um gato sai em desabalada carreira de uma loja perseguindo fornido e apetitoso rato. Este, menor e mais ágil, impelido pelo salutar instinto de conservação, dribla o perseguidor e embarafusta-se, por pequena fresta, pelo interior da loja vizinha, frustrando a pretensão do famélico bichano de transformá-lo em sua janta daquela noite.

     E a Rua só observa sem nada dizer.

     Aos magotes, em passos apressados, os transeuntes dirigem-se ao terminal de ônibus da praça vizinha; todos ansiosos por chegar em seus lares – e naquele horário as filas são quilométricas.
No semblante cansado de cada um, a fome e a preocupação são evidentes. Chegar em casa, matar aquela que consome suas minguadas forças e proporcionar a seus doridos esqueletos o merecido e necessário repouso, é propósito geral. A luta é árdua; o desemprego crescente; não se pode dar sopa pro azar. Este o “Fantasma” que os apavora!

     E a rua entediada, afeita ao grotesco espetáculo que diariamente lhe é dado assistir, não se toca com a pungente visão do sofrimento enfrentado por aquela angustiada turba.

      Nisso passa um “bebum” terçando as pernas, como que esgrimindo contra invisível e inexistente desafeto, tão embriagado que, a custo, se mantém em pé.

     Estampando no rosto um sorriso de imbecil felicidade, o pobre diabo cantarola baixinho um samba do Adoniran – “O Arnesto nos cunvidou, prum samba... ele mora no Brás” --, como se nada existisse ao seu redor. Alheio a tudo, nada o preocupa. Nem mesmo a razão ou razões que o levaram àquele extremo estado de indigência parece incomodá-lo. Espectro de gente, anestesiado pelo álcool, pela dor, pelo sofrimento, vive de esmolas e de sobras buscadas ao lixo. Só se lhe percebe uma ponta de nervosismo quando alguém, por curiosidade ou maldosa gozação, incita-o a comentar seu fadário. – “Razões?... hic... hic... por que razões?... hic... Não existem hic... razões!   Bebo hic... porque gosto hic... Ninguém tem nada com isso. Tá legal!?... hic... hic...”

     E a Rua, com desprezo, olhando de esguelha, finge não notar a imunda presença do mendigo: para ela “repugnante e malcheiroso lúmpen”.

     Uma operária do asfalto, mal acomodada em diminuta e ousada mini-saia que exibe inteira sua calcinha vermelha, desfila esforçando-se por parecer sensual.

      Sua ingente expectativa é de ver surgir-lhe à frente um abençoado cristão, carente de carinho – não de dinheiro, como ela --, que lhe garanta o jantar. “Se Deus quiser, hei de descolar também a grana pra pagar o aluguel atrasado”, suplica em pungente solilóquio a infeliz. Aluguel do exíguo cÔmodo que ocupa num infecto pardieiro de sugestivo e poético nome: “Pensionato Serenos Caminhos da Vida” -- caminhos nada serenos para aquela mulher da vida. (Ainda desta vez o drama da pobre mulher, cujo passado – sabemos por que misteriosas e estouvadas razões? – fê-la descambar para as inseguras e insidiosas veredas da mais antiga das profissões, não compungiu a insensível Rua).

“Vagabunda irresponsável! Poço de doenças venéreas! Vive a transmitir o HIV. Já infectou uma infinidade de clientes!”, são essas as malévolas e inconseqüentes afirmações que fazes, baseadas em infundadas e despropositadas suposições.

     Por que difamas a desventurada rapariga, maledicente e calejada criatura? Sabemos bem que os teus dias são agitados e que a sabedoria das ruas ensinou-te a não te meteres com os problemas alheios e a não te envolveres sentimentalmente com aqueles que por ti transitam: uns pra cá, outros pra lá, todos absortos em inúmeras e infindáveis dificuldades. Sabemos disso.

     -- “Como essa gente gosta de criar problemas!... “ , exclamas, com indisfarçável desdém.

      Sabemos, também, que muitas das tuas afirmações são procedentes. Tuas palavras encerram, muitas vezes, verdades; terríveis e vexatórias verdades!

     Sabemos, ainda, que, abstraída tua exagerada tendência de radicalizar os fatos, falas com o abalizado conhecimento de quem, há muito, vive e convive em meio a esse verdadeiro cancro social que é a pobreza.

      Entendemos, igualmente, que o constante e diuturno convívio com a miséria humana – queiramos ou não – vai, aos poucos, entorpecendo nossos sentidos e calejando nosso coração: é um processo inevitável para o qual não existe vacinação preventiva. Entretanto, e apesar dos pesares, por este deplorável mundo em que vivemos já passaram seres que não se deixaram conspurcar; seres que, convivendo de perto com as maquiavélicas regras estabelecidas pelo homem para dominar e escravizar seu semelhante, não se deixaram corromper nem macular.

     Muitos deles, pelo contrário, inconformados com tanta hipocrisia e injustiça social, deram suas vidas em defesa de seus humanitários princípios.

      Um desses mártires, que deu a vida buscando a realização de utópicos ideais, disse, num momento de divina inspiração: “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.”

      A sabedoria contida nessa pequena e singela frase dá-nos conta de uma terrificante verdade: nem só aqueles cujas atividades têm relação direta ou indireta com a violência – delinqüentes, guerrilheiros, militares, policiais, pugilistas, praticantes de lutas marciais etc, -- estão sujeitos, por força da rotina de suas atividades, a se empedernirem; outros profissionais que mantém estreito contacto com as fraquezas e misérias humanas – assistentes-sociais, bancários, médicos, enfermeiros, jornalistas, políticos, dirigentes sindicais etc, -- estão, também, altamente expostos ao risco de se tornarem frios e insensíveis. Para livrar-se dessa indesejável transformação, cabe a essa gente vigiar-se constantemente, cuidando para que não se lhes esvaia do âmago o sentimento humanitário, essência primordial da existência humana.

     Ademais, lícito é concluir que a mera condição de habitantes deste belacíssimo planeta – onde a violência, a cada instante, mostra sua medonha face, -- aconselha-nos, a todos, sem exceção, a utilizar a medicação prescrita pelo médico e revolucionário argentino Ernesto “Che” Guevara de La Serna (1928/1967). O conselho embutido na axiomática e lapidar sentença por ele proferida deveria servir como luva para tuas reflexões – se é que as fazes --, inconsciente artéria desta desumana megalópole!

      És implacável! Careces moderar teus pontos de vista! Precisas encarar com alguma leniência as fraquezas humanas! Teus julgamentos são, por regra, exagerados e injustos; jamais perdoas o menor deslize. Para ti, os protagonistas das muitas vezes caricatas e outras tantas infames ou dramáticas ocorrências a que amiúde assistes, vítimas inquestionáveis das cruéis regras do “salve-se-quem-puder” impostas para a sobrevivência dos menos favorecidos neste desumano e incoerente país, deviam ser levados ao pelourinho; todos, sem exclusão de ninguém!

     És rigorosa demais. Chegas mesmo às raias da intolerância. Queres prova? Analisemos, então, alguns dos teus inexoráveis julgamentos:

     Lembras-te do dia em que aquele batedor-de-carteiras, exercendo sua abominável profissão, surrupiou o pagamento de um mês inteiro de trabalho ao pobre operário? E este, desesperado ao se dar conta da tragédia que o vitimara, foi presa de forte crise de nervos e como que enlouquecido interpelava-se aos berros: — “O que farei para pagar o aluguel e dar de comer a meus filhos?...”

      E tu, em tua frieza, achaste aquilo natural. -- “Os trouxas existem para propiciar lucro aos mais espertos! É uma lei natural. Os dois deviam ser presos; ambos deviam ir para o xilindró: o otário e o esperto. Os otários também criam muitos problemas”, disseste, com cinismo, na oportunidade.

      Não te incomoda porventura a lembrança do ridículo circo montado por aquela matrona toda perequeté que, modernosa e “sexy” – copiando frívola personagem de uma dessas infames novelas de televisão cujos exemplos vêm apequenando nossas mulheres --, inculpou o modesto balconista da loja de tecidos de assédio sexual?... Que a mentirosa acusação custou ao humilde servidor o emprego de onde tirava o sustento de seus velhos genitores?... Que o pobre empregado, despedido por culpa da injuriosa mentira perpetrada pela malévola coroa, viveu horas de intenso pavor sob as ameaças e provocações da malta sedenta de sangue que se aglomerou à porta da loja?.. E que, por fim, para não ser preso, levado que foi à presença de desumano e arbitrário delegado de polícia que se comprazia de humilhá-lo todo o tempo chamando-o de “tarado”, “tara- dão” , “taradinho”, foi ele forçado a pedir desculpas à concupiscente megera, cuja “honra denegrira”?...    E nem mesmo a pusilanimidade desses repulsivos acontecimentos conseguiram alterar teus bárbaros conceitos?   

       Vamos recordar um último episódio – lastimável e vergonhoso episódio! – sucedido dentro dos teus contornos de via central e de grande movimento:

        É de se supor que não esqueceste daquele gurizinho maltrapilho que saiu da loja sobraçando sem ter pago pequeno brinquedo de plástico – artigo ordinário, que devia custar tuta-e-meia, -- e da multidão enfurecida que, insuflada pelos estentóricos gritos de “Pega Ladrão!” do segurança do estabelecimento, perseguiu-o implacavelmente,bradando: “Ladrãozinho!”, “Pega!”, “Mata!”, “Esfola!”?

       Sem dúvida ainda deves guardar nítida lembrança da figura aterrorizada do indefeso menino – manietado e espancado como se fora terrível e irrecuperável facínora --, que só não foi linchado graças ao providencial aparecimento daquela abençoada polícia-feminina que impediu a consumação do covarde linchamento.

       Com certeza ainda tens bem vivos na memória – nisso podemos apostar, pois são fatos recentemente acontecidos, -- os ignominiosos momentos que sobrevieram àquela vergonhosa ocorrência: depois de pensados os ferimentos num pronto-socorro das imediações, o pequeno infrator, sem qualquer contemplação de seus algozes, foi fichado como delinqüente infantil e reco-lhido a um desses estabelecimentos correcionais, de onde – todos sabemos – as crianças, antes que reformadas, saem com o caráter mais deformado, revoltadas e mais propensas a engrossar os clamorosos quadros de criminalidade do país.

     E tu sequer notaste, ou fingiste não ter notado, o “por quê” da ignominiosa e deplorável cena, pois nenhum comentário fizeste.

   Mas caberia a ti perguntar: “Por que” essa inexplicável desigualdade imposta desde o berço às criaturas?” Desigualdade que levou aquela infeliz e desamparada criança a delinqüir, furtando um pequeno e insignificante brinquedo, objeto da cobiça de sua mente infantil.

     Não... não estou pondo em dúvida a existência de uma Entidade Superior a quem se atribui a criação do homem e deste complicado mundo em que vivemos! Nada se cria do nada... Entretanto,
é muito difícil acreditar que esse Ser Superior, em sua suprema sabedoria e ilimitada bondade, esteja por trás disso; que seja Ele o responsável pela abjeta discriminação a que estamos sujeitos desde o nascimento.

       Por que uns nascem ricos e poderosos, no Palácio Buckingham, na Inglaterra, e outros, nos confins do nordeste brasileiro, pobres e sem terra?

       Por que uns nascem perfeitos, e outros cheios de aleijões?

       Por que uns nascem inteligentes, com elevado QI, e outros dementes ou estultos, qual produtos defeituosos, de segunda escolha?

        Por que?... Uns potentados, outros favelados? (filhos, muitas vezes, de mães analfabetas e alcoólatras, e de muitos pais); Uns lindos de morrer, outros feios de doer?

        poderíamos aventar “zilhões” de outras perguntas, numa lista infindável de grotescas disparidades, para indagar da justiça das leis que determinam a vinda do homem a este planeta de provação.

        Por que a uns o Criador, já de saída, oferece tantas facilidades, e a outros, enormes dificuldades? É cabível a uma mente racional supor que haja uma razão Divina nessa determinação. Razão cujo nexo esteja acima da compreensão humana. Porque só mesmo uma razão Divina seria capaz de justificar tão aberrantes diferenças impostas a seres da mesma espécie.

        Depois desse extenso desabafo – dúvidas que, sabemos, a ti não incomodam --, voltemos aos fatos:

       Todos os lamentáveis acontecimentos comentados nesta insípida porém, creio que, amistosa conversa são verdadeiros, bem sabes, e ocorreram dentro de teus contornos de rua central e de grande mo-
vimento; mas é apenas do que nos lembramos. Agora tu, que és bem velha... mais do que centenária, e que daqui nunca arredaste os pés, naturalmente presenciaste fatos ainda mais escabrosos, indignos mesmo de serem comentados. Mas sempre os presenciaste com britânica fleuma e indisfarçável pouco caso, não escondendo o desprezo que consagras às “mesquinharias do homo sapiens”, máxima que cunhaste, e não perdes a oportunidade de empregar.

       Jamais tomaste partido em defesa de alguém.

        “Cada um que se vire!”, ou então, como gostas de enfatizar citando o Nobel de literatura José Saramago: “Se Deus não os quisesse tosquiados, não os teria feito carneiros!”. Essa foi sempre a tua desprezível lógica, fruto de um caráter elitista, que considera os pobres e injustiçados meros vermes e vis estafermos, merecedores do desamparo e do desprezo a que se vêem relegados.

       Mas certamente que os teus perversos pontos de vista; que as tuas maliciosas deduções; que a tua constante má fé e o teu estrábico senso de justiça não são produtos exclusivos da insensatez de que já deste inúmeras provas. Aliás, nem achamos que sejas insensata; achamos, sim, que não tens opinião própria; que falas como papagaio; que tuas palavras saem de bocas alheias. Tuas divagações, opiniões e sentenças, refletem o pensamento da massa; o mesmo deturpado pensamento da maioria da população deste pobre país onde os valores, industriados por impostora e falaciosa mídia, foram de tal forma subvertidos, a ponto de a vergonha, a decência, a honestidade, constituírem motivo de exclusão, incompatíveis com os atuais princípios de modernidade.

       Assim sendo, ao safado, ao sacana, ao falto de ética e a qualquer reles mequetrefe que se sobressaia em atividade a que a mídia dê projeção e cujos feitos nada contribuem para o aperfeiçoamento e bem-estar da coletividade, é dispensado tratamento de lorde; diferentemente do atribuído ao cidadão comum, que trabalha, consome, paga impostos e, mesmo enfrentando enormes desafios, procura viver com dignidade. Mas vale ressaltar que é o próprio prejudicado o responsá- vel por esse estado de coisas. É ele, cidadão comum, que endeusa as “estrelas” que lhe são empurradas goela abaixo pelos vivaldinos “fazedores de ídolos e heróis”; é ele, cidadão comum, que supervalorizando as “realizações” desses badalados personagens, implicitamente lhes outorga direitos diferenciados.

       É isso, sem tirar nem pôr! É lamentável, mas é exatamente isso.

       Eis a razão, veneranda Rua, porque só agora descobrimos o óbvio; só agora pudemos atinar porque és tão considerada e reverenciada por essa ignara massa. A explicação é clara e cristalina: És porta-voz dos que te rendem preito! Tudo o que afirmas é mera repetição daquilo que ouves. As opiniões não são tuas; falas como boneco de ventríloquo! Por isso é que se diz: “A voz das ruas é a voz do povo”.

       Por isso és alvo de inexplicável estima e imerecida consideração e a ti atribuírem o honrado e mentiroso nome de Rua DIREITA !



NOTA: A rua Direita é uma artéria (sinuosa, por sinal) existente no centro de São Paulo -- capital do estado de mesmo nome, -- que liga a Praça da Sé, onde está localizado o marco zero da Cidade, à Praça do Patriarca.

              



                  


Biografia:
- Moacyr Medeiros Alves, o Moa, como gosta de ser chamado, nasceu em Agudos (SP) em 08/03/1936, já órfão de pai -- seu pai faleceu 6 meses antes de seu nascimento. Sua mãe, viúva com 5 filhos, mudou-se em princípios de 1.940 para a capital do estado, indo morar em habitações coletivas, os chamados cortiços, no bairro do "Bixiga", onde ele passou a infância. Em dezembro de 1.950 o Moa, que já trabalhava desde os 9 anos de idade, ingressou como "office-boy" na organização Philips, empresa holandesa do ramo eletrônico. Trabalhando de dia e estudando de noite, conseguiu, com sacrifício, concluir o curso técnico de contabilidade. Em 1.959, aprovado em concurso público, entrou para o quadro de escriturários do Banco do Brasil onde trabalhou até 1.982, aposentando-se como gerente-adjunto da agência de Itararé (SP). Grande apreciador do cancioneiro popular brasileiro, do período que abrange a denominada "Época de Ouro" de nossa música, tem em sua discoteca, entre LPs e CDs, obras de quase todos os cantores e instrumentistas do tempo em que -- como dizia o radialista Rubens de Moraes Saremento -- "as fábricas de pandeiro davam lucro". Além de escrever "abobrinhas", como ele próprio define seus escritos, o Moa tem ainda como "hobby" a leitura e a fotografia.
Número de vezes que este texto foi lido: 61642


Outros títulos do mesmo autor

Humor BRINQUINHO Moacyr Medeiros Alves
Contos PORTA-VOZ Moacyr Medeiros Alves
Contos DOM CRESCÊNCIO, O DESMANCHA-PRAZERES Moacyr Medeiros Alves
Contos A VECCHIAIA È BRUTTA Moacyr Medeiros Alves
Contos O GUARDAMENTO Moacyr Medeiros Alves
Poesias D E Í S T A Moacyr Medeiros Alves
Frases POETAS E SONHADORES Moacyr Medeiros Alves
Frases POLÍTICA BRASILEIRA Moacyr Medeiros Alves
Contos A CARTEIRA Moacyr Medeiros Alves
Crônicas MANÉ FACÃO Moacyr Medeiros Alves

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 32.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Os Dias - Luiz Edmundo Alves 63184 Visitas
Jornada pela falha - José Raphael Daher 63131 Visitas
O Cônego ou Metafísica do Estilo - Machado de Assis 63043 Visitas
Namorados - Luiz Edmundo Alves 62963 Visitas
Negócio jurídico - Isadora Welzel 62943 Visitas
Insônia - Luiz Edmundo Alves 62937 Visitas
Viver! - Machado de Assis 62929 Visitas
A ELA - Machado de Assis 62858 Visitas
PERIGOS DA NOITE 9 - paulo ricardo azmbuja fogaça 62836 Visitas
Eu? - José Heber de Souza Aguiar 62774 Visitas

Páginas: Próxima Última