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M O D I S M O S
Moacyr Medeiros Alves

Acho grande frescura certos modismos que conseguem impor ao povo sem justificativa que embase essas, muitas vezes, incoerentes novidades, que passam a ser obedecidas e obrigatórias por espelhar correção, já que a forma antiga -- dizem eles, -- é ultrapassada ou sinônimo de falta de conhecimento.
      Não sou nenhum filólogo nem douto em assuntos lingüísticos, e meu português, que considero abaixo do sofrível, foi amealhado ao longo dos anos, de forma autodidática, através de leituras e de consultas a gramáticas e dicionários.
      Contrariando o ufanismo de muitos patrícios, não considero a língua portuguesa a mais bela do mundo. Das línguas latinas, acho o espanhol e o italiano as mais sonoras. E ainda assim, o espanhol falado no México e nos países da América; porque o espanhol falado na Espanha é muito pesado e difícil de entender. O italiano também tem seus dialetos ásperos e desagradáveis ao ouvido. Mas a beleza e suavidade desses dois idiomas podem ser comprovadas ao se ouvir os boleros mexicanos e as cançonetas italianas. São páginas sonoras e melodiosas!
       Peço perdão pelo desvio de assunto, pois quando esbocei mentalmente esta crônica tive intenção de comentar os modismos a que estão sujeitas as maneiras de expressar de um povo. Creio que de todos os povos.
        Agora, no Brasil esse fenômeno é freqüente. É só um espertinho qualquer, que tenha em mãos um espaço de jornal ou revista, um programa radiofônico ou de televisão, e que adquiriu certa notoriedade por sua loquacidade, sair com uma patacoada das grossas a respeito de assunto que ele desconhece, que a turba, qual manada insensata, esposa sua tese, passando a difundi-la aos quatro ventos.
       As duas mais recentes modas que vêm sendo obedecidas fielmente pelo povaréu, referem-se à locução “risco de vida” e à definição feminina de poeta, ou seja, ao substantivo “poetisa”.
       Não sei onde foram buscar que “risco de vida” é incorreto e que o certo é “risco de morte”.
     Diz o dicionário Houaiss: Risco = substantivo masculino – 1) proba- bilidade de perigo, ger. com ameaça física para o homem e/ou para o meio ambiente – Ex.: <r. de vida> <r. de infecção> <r. de contamina- cão> E o Antônio Houaiss foi um respeitadíssimo filólogo. Logo!!!
     Poetisa, no entendimento desses sábios de botequim, é depreciativo. Deve-se masculinizar o termo, para não ferir o brio das talentosas vates.
     Mas o Antônio Houaiss, do alto de sua transcendental erudição, não disse nada disso. Seu dicionário define a palavra poetisa da seguinte forma: substantivo feminino
pessoa do sexo feminino que faz poesia.

      E durma-se com um barulho desses!!!!






Biografia:
- Moacyr Medeiros Alves, o Moa, como gosta de ser chamado, nasceu em Agudos (SP) em 08/03/1936, já órfão de pai -- seu pai faleceu 6 meses antes de seu nascimento. Sua mãe, viúva com 5 filhos, mudou-se em princípios de 1.940 para a capital do estado, indo morar em habitações coletivas, os chamados cortiços, no bairro do "Bixiga", onde ele passou a infância. Em dezembro de 1.950 o Moa, que já trabalhava desde os 9 anos de idade, ingressou como "office-boy" na organização Philips, empresa holandesa do ramo eletrônico. Trabalhando de dia e estudando de noite, conseguiu, com sacrifício, concluir o curso técnico de contabilidade. Em 1.959, aprovado em concurso público, entrou para o quadro de escriturários do Banco do Brasil onde trabalhou até 1.982, aposentando-se como gerente-adjunto da agência de Itararé (SP). Grande apreciador do cancioneiro popular brasileiro, do período que abrange a denominada "Época de Ouro" de nossa música, tem em sua discoteca, entre LPs e CDs, obras de quase todos os cantores e instrumentistas do tempo em que -- como dizia o radialista Rubens de Moraes Saremento -- "as fábricas de pandeiro davam lucro". Além de escrever "abobrinhas", como ele próprio define seus escritos, o Moa tem ainda como "hobby" a leitura e a fotografia.
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