Seu lúbrico
Belo Horizonte, 25 de Janeiro de 2011.
A hora eu ja nem sabia. Lá fora, escuro há muito tempo. Dentro de mim, algo doía, me machucava. Sozinho, como sempre, decidi pegar o telefone e ligar, novamente. Do outro lado da linha, uma voz familiar. Minha voz também era conhecida. Por instantes, penso em mudar, experimentar outra, mas a de sempre certamente me satisfaria, como sempre. Pois que ela viesse e me enchesse de prazer, mesmo que por poucos instantes.
Resumidademente, era assim que eu tocava minha vida. Curtos prazeres, poucas conquistas. Prazeres que eu não me condenava por comprar, pois saciavam meus desejos mais carnais, vitais. Deitei-me no sofá depois de um banho frio. Já pronto e à espera, cochilei.
Acordei com as batidas insistentes na porta. Levantei-me assustado e corri até a entrada. Rapidamente abri a porta, dei o dinheiro, peguei o meu troco, voltei para dentro e comi cada pedaço como se fosse o último, como se fosse a minha despedida do mundo. Como sempre.
(Rafael B. Sanches)
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