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Em Busca do Extraordinário
A cada acordar, procuramos para nós mesmos um novo horizonte, com uma vista mais remota, mais viva e muito, muito mais excitante. Nessa Era pós-moderna, onde o entretenimento preenche nossas horas disponíveis e outras nem tão disponíveis assim, é trivial que, toxicômanos como estamos na satisfação instantânea, busquemos cada vez mais uma patuscada, uma diversão, uma farra - e elas se devem cada vez mais elaboradas.
Refletindo nisso, dei-me conta de que estamos cegos. Aos poucos, nosso conforto transformou-se em comodismo, e, doentiamente, turvou nossa visão tornando-nos inaptos de ver a felicidade. E sendo inaptos de enxergá-la, materialistas como somos, não a sentimos.
Justifico-me: A busca perpétua pelo novo, pelo inédito, vem da nossa inconsciência de que a trilha mais breve para chegar naquele espaço chamado felicidade, está dentro do humano que nós nos tornamos dia após dia. Depois que nos encantamos por quem somos, pela intrínseca trama da nossa vida e por nossa história, todos os outros âmbitos da nossa existência tornam-se coeficientes de ampliação da felicidade, e não as seletivas razões de uma alegria momentânea.
No decorrer do tempo, se tivermos guiado nossa vida de forma satisfatória para nós mesmos, a mala da existência vai se tornando mais proveitosa e menos árdua, ao invés de um fardo de memórias e experiências que transportamos incomodamente pela vida afora.
Quando o script e o cenário interior são benéficos, nos damos conta do atributo único do instante presente e passamos a considerar fabulosa cada experiência. A partir deste momento final, experimentamos com um paladar inovado, renovado, cada tempero que a vida nos dá, seja ele aquele instante desolado no meio da multidão, ou a familiaridade rotineira com aqueles que nos ensinam a viver melhor.
Não conheço, e não sei se de fato busco uma fórmula da felicidade que consiga envolver a vida de todas as pessoas. No entanto, creio que enxergar a própria essência como quem acabou de chegar nela, é um caminho suficientemente sábio e seguro para encontrar na realidade, no hoje, uma maneira de ser verdadeiramente feliz.
(Rafael B. Sanches)
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