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A dita passagem desta pra pior.
Formigas invadindo tudo que está doce ou doente. Sentimos a velhice invadindo desgraçadamente tudo que é novo e consequentemente predisposto à fatal sucumbência da morte. Morte, morte, morte, por todos temida e praguejada. Formigas subindo pelo corpo, entrando pelas cavidades e causando ira, aversão e podridão. À morte todas as formigas! Todos os insetos!
A falta de idéias e ideais assola o país dos messiânicos. Há multidões de cidadãos instáveis no solo terreno, todos ansiosos por respostas que não virão enquanto viverem, porém incansáveis perscrutadores do que há por vir.
O curioso é que mesmo diante o conhecimento que temos desde que nos tomamos por gente e temos a consciência desta doença que nos corroerá durante todo o decorrer da vida, mesmo assim cagamos na roupa quando nos damos cara-a-cara com a dita maldita morte.
E não adianta nada, no caso é bom estar bem apertado para o sufocar dos tamborins. Milhares de vítimas vão-se aos borbotões todos os dias, e aí está minha vã revolta.
A morte é uma baforada fria na cara de quem está vivo! E eu digo isso porque sei que minha hora está chegando, a pesar dos pesares.
Quero acabar com tudo isso com um porre bem tomado e uma boa noite de sono. Que assim o exímio enxadrista do além me resgate para seus trabalhos forçados. E desta forma eu me livrarei dos insólitos percalços terrestres, e alcançarei, quem sabe, as auroras divinais, lembrando-me tudo isso os odores baudelaireanos e os suores noturnos de uma bandeira exposta no limiar entre o cá e o lá.
Faz assim, amanhã não iremos não, diz o poeta angustiado à insensata mãe fatal que lhe chama de imediato.
A velha senhora, torpe e carcomida solta uma gargalhada mortal.
O que é isso, meu camarada?! Por que tanta angústia se souberas desde a concepção que dia ou não mãe-morte lhe alcançaria o cerne do coração!
Que mundo miserável é este? Que porra é essa, cara?!! E tudo que me circunda, e meus amigos, familiares, dólares depositados e propriedades adquiridas?
Responde a sagaz: amigos não servem pra nada! Dólares só servem se forem gastos. Familiares por uma acaso nasceram na mesma família. Pra tudo que se apega na vida tende-se a considerar um valor maior, sendo o contrário. Tudo isso é efêmero.
Ouço a Amy Winehause e esqueço a chinela esquerda na quina da quina de não sei aonde. Vejo que é mais uma daquelas “loucas” que perderam as estribeiras, uma daquelas insanas inconseqüentes, dementes, desafiadora da morte a cada segundo que respira, e ainda por cima dando gargalhadas.
Tu sempre quis ser escritor. Quando a possibilidade se lhe afigura realmente, você dá as costas e diz que nada daquilo é com você? E olha o portão da rua e parte pra cama aconchegante. Mais uma vez, nunca é demais realçar, quão repugnante é você! Quão ébrio, vil e descomunalmente perverso!
Agora, o porquê de ter buscado esta empreitada eu não sei. Sei que no Brasil de hoje a cambada é desletrada. Somente. Solamente. Não que eu o seja, não que o seu João da esquina também o seja, mas, pelo amor de Deus, ponha ao menos o seu herdeiro no caminho do conhecimento, mesmo que este, o caminho, possa lhe impressionar, mas que ao fim de tudo valerá à pena. Coisas da vida podem causar uma distorção em sua maneira de enxergar, mas creia nas duas coisas que norteiam nossa vida: nascimento e morte.
Eis teu sonho de juvenil idiota realizado. Uma casa solitária, bebida, boa música, uma mulher que te ama, família, juventude, tudo, absolutamente tudo menos satisfação dinheiro suficiente. Que jovem velho idiota tornou-se você! A que ponto chegaste! Surpreendente! Você realmente é um imbecil nato! Um tosco por natureza! Bela trama, my friend! Bela trama! Sua cerveja acabou, sua música é idiota, seu comportamento é não se sabe o quê ao certo. Você quase derrama toda sua vida no sistema processador de tudo! Aonde quer parar? Eu vejo que tudo na vida é uma fuga de alguma coisa. Tudo é uma merda sem nexo, à qual de alguma forma temos de aprender a lidar com ela. Para não dar erro no final. Então porque ser assim ou assado?
É preciso ser verdadeiro contigo sempre, para não levar dúvidas pro túmulo! Se é hora de dormir é hora de dormir, e vice e versa.
“Dorme, meu filho!”.
Savok Onaitsirk, 05.09.08.
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