Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A minha missão na terra
A minha missão na terra
Henrique Pompilio de Araujo

Resumo:
Eu me vejo como um completista nesta terra. Sinto que cumpri aquilo que tinha que cumprir, graças a Deus. Errei ainda, mas não como antes.

A MINHA MISSÃO NA TERRA
                              Henrique P. de Araújo
     Tenho conversado com meu mentor e ele pede para que eu descreva qual é a minha missão nesta terra, porque envolve todos os trabalhadores do Lar e é do interesse deles.
     Eu havia nascido na Espanha por volta de 1500. Por este tempo o país não estava muito bom dos pés e grande parte saia para ir estudar em outro país. O país mais avançado em educação profissional neste tempo era Portugal. Então eu parti para Coimbra onde fiz Teologia e me tornei padre. Como sempre fui um bom aluno, lá mesmo arrumei um emprego e comecei a dar aulas. Foi por este tempo que o governo Português resolveu mandar uma esquadra ao Brasil que estava nascendo. Viria junto um total de 7 padres. Eu me inscrevi e vim também junto ao padre José de Anchieta. Após um mês de viagem chegamos a salvador e de lá partimos para o Espírito Santo.
     Lá em não quis acompanhar o pe. Anchieta. Ele não parava em lugar algum, então eu me tornei inspetor da igreja de Sant’Ana em Guarapary. Ali eu fiz roça, criei uma biblioteca, ampliei a igreja, mandei furar um poço, fiz amizades com os índios. Fiz um bom trabalho ali e morri bem velho.
     Não fiquei muito tempo na espiritualidade e renasci de novo na mesma cidade e desta vez eu me tornei médico. Eu me dediquei a fabricação de remédios e ajudei todos que me procuravam. Fiz um bom trabalho ali e morri bem velho de novo. Nesta cidade eu recebi o nome de Dr. Philomeno.
     Tudo o que eu fazia era aprovado pela espiritualidade, pois cumpria tudo e não saía da linha, não cometia absurdos. Então fui mandado para Cuiabá bem no começo. Eu cheguei aqui com os bandeirantes, pois era filho de um deles. Peguei muito ouro e comprei toda a localidade que hoje se chama Coxipó do ouro. Eu sempre era solteiro e não me importava muito com mulher, mas o povo me encheu o saco dizendo que eu precisava me casar. Então eu comecei a andar pelas boates de Cuiabá e foi aí que entrei pelas vias do erro. Nenhuma mulher me agradava e acabei indo para uma boate nova que havia no bairro do Porto e ali eu me encantei com a beleza e a organização do lugar. Fiquei por ali por uns tempos, mas eles colocaram a boate a venda, então eu o Ricardo e o Aguinaldo compramos a boate e distribuímos as funções. Ela funcionava de 5ª.feira a domingo. Os outros dias eram fechados. Confesso que me senti feliz ali e comecei a me relacionar com várias meninas, por simples divertimento, até que um dia comecei a gostar de uma delas. Segundo ela, gostava muito de mim também, mas nunca quis se casar comigo.
     Eu vivia no Coxipó do outro e vinha de lá toda 5ª. feira e voltava aos domingos. As vezes ela ia comigo, as vezes não. Aqui ela morava numa casinha bem arrumada e tinha muito dinheiro e joias. Quem cuidava dela era uma senhora chamada de Imaculada. Um dia Imaculada mandou me chamar que a sua patroa estava morrendo. Eu vim mais que depressa, mas ela morreu poucos minutos assim que chegamos. Eu e o Ricardo enterramos a moça e eu voltei para o Coxipó do ouro. De lá em não quis sair mais e vivi 10 anos. Vendi a minha parte da boate. Não tinha mulher e nenhum parente. Descobri que estava com uma doença mortal, hoje chamada de tuberculose. Ali eu vivi 10 anos no maior sofrimento. Os criados vinham cuidar da casa, mas eu não estava importando com nada.
     Sabendo que ia morrer, chamei todos os criados da fazenda e distribui toda a terra a eles. Dei um pedaço para cada um e disse que não precisam brigar que ali tinha de tudo e de sobra para todos. A minha casa dei para a criada que cuidava de mim. Dei tudo para ela, inclusive os dois carroções que eu tinha e um pedaço de terra.
     Eu faleci, e renasci em Ilhéus onde me tornei um padre Franciscano. Lá eu fui trabalhar com educação e ajudar os outros padres. Recebi o nome de Frei Bernardo e comigo trabalham o frei Francisco e o Frei Tobias. Todos já vieram ao nosso Lar e cheguei a trabalhar com o Frei Tobias nesta existência agora, pois ele recebeu o nome de Padre Mathias. Eles me disseram que naquela reencarnação eu estaria fazendo um preparo para receber toda a minha família espiritual e juntos reencontrarmos novamente o caminho que perdemos. Fiz um bom trabalho e faleci ali bem velho.
     Renasci novamente aqui no Brasil, bem aqui na fazenda e aqui reuni muita gente. Os espíritos me dizem que era aqui que eu iria reunir toda a minha família espiritual e a gente iria reencontrar o caminho que perdemos, mas infelizmente eu nasci um senhor de fazenda com 60 escravos e fiz muita maldade. Tratei bem 50 escravos, mas 10 deles fiz muito mal. Por outro lado, havia muitos criados na fazenda e muitos meeiros. Com estes eu não mexi e nunca quis saber quem eram. No final da safra eles tinham que me dar metade da produção que conseguisse. Com isto meu celeiro foi ficando cheio e eu me tornei cada vez mais rico.
     Tratei mal a muita gente. Para mim só tinha que falar com aqueles fazendeiros mais ou menos do meu jeito. Na sede da fazenda havia festas todos os sábados, eram churrascos e mais churrascos.
     Um dia alguém me trouxe um livro dos Espíritos e disse que era para nós estudarmos. Fizemos 3 reuniões e começamos a estudar o livro, mas eu achei que era um monte de besteira e parei com aquilo dizendo que eram fantasias de seus autores. Na verdade era o caminho que eu tanto procurava. Eu já tinha reunido aqui muitos romanos e pessoas que fizemos sofrer no passado. Quase todos estavam comigo. Eu tinha renascido com a finalidade de reunir minha família espiritual, mas não dei atenção a religião alguma e fiz coisas muito erradas.
     Com a abolição da escravatura, os escravos se revoltaram, eu fui assassinado, os chegados a mim foram expulsos daqui e sofreram muito e eles resolveram tomar conta da fazenda. Tive que ver a minha família inteira sendo destituída e desterrada por aqueles homens.
     Mas o pior estava por vir. Todos nós fomos dispersados pelo mundo. Ninguém nasceu junto novamente. Eu renasci na Alemanha e participei da primeira guerra mundial, morrendo bem jovem. Aqui alguns voltaram para Paris, outros foram para o Nordeste brasileiro, outros foram para o sul. Eu retornei e renasci em Porto Alegre. Nasci em grandes sofrimentos, mas conclui com sacrifícios um curso universitário e comecei a dar aulas, mas infelizmente fui assassinado em 1948 e em 1953 renasci novamente no Paraná e de lá vim para Mato Grosso.
     Segundo os espíritos a minha missão nesta vida é reunir (de novo) a minha família espiritual, fazemos um bom trabalho e então partirmos para paramos mais feliz. Com muito sofrimento estamos terminando nesta vida o que devíamos ter terminado quando estávamos na fazenda. Dizem os espíritos que eu já fiz um grande trabalho, um trabalho que ninguém sabe: reunir sob o mesmo teto os 4 imperadores romanos: Tibério, Calígula, Nero e Cláudio. Ninguém no mundo conseguiu reunir estes 4 imperadores, considerados os priores de Roma. Graças a Deus eu reuni os 4, ajudei os 4, todos cabeças duras ainda, mas se tornaram espíritas. Foi me pedido que eu não revelasse a ninguém quais são estes imperadores, alguns já partiram para outros lugares e alguns retornaram ao mundo espiritual. Eles estão melhores agora, mas a situação ainda não está nada boa.
     Aqui reuni também toda a minha família espiritual, desde Roma. Alguns não mudaram muita coisa e têm uma evolução muito lenta. Outros estão tentando e alguns raros estão trabalhando bem. Às vezes sinto vontade de falar quem esta pessoa foi no passado, pedir para que ela se melhora, mas os espíritos dizem que não posso falar nada. Deixar que todos têm o seu livre arbítrio. E assim vamos seguindo.
     Pelo menos fiz um grande esforço para unir a todos e segundo eles, os que abandonaram o Lar, é porque não pertenciam ao grupo, mas dizem que alguns não conseguiram chegar até aqui, outros ainda estão relutando e alguns não aceitam a doutrina, mas este elo de ligação continua e provavelmente ainda terão que renascer mais uma vez, desta vez no mundo regenerado e aí não haverá mais ódio, mágoa, tristeza, mas só vontade de trabalhar e ajudar para vencer. Que Deus nos ampare!



Biografia:
Henrique Pompilio de Araújo, nascido em Campo Mourão PR e radicado em Cuiabá MT. Começou a escrever desde cedo. Professor aposentado, bacharel em Direito e Teologia. Trabalhou em diversas escolas em Cuiabá e alguns jornais do Estado. Publicou sua primeira obra em 1977: Secos & Molhados - Poemas. Ultimamente publicou outros livros: "Flores do Além" Poemas, "Contos da Espiritualidade" - Contos, "Nas curvas da vida" Memórias, "Cinquenta contos" Contos. Há muitas obras ainda esperando edição.
Número de vezes que este texto foi lido: 59555


Outros títulos do mesmo autor

Artigos MEDIUNIDADE ONIRICA Henrique Pompilio de Araujo
Ensaios BRASIL EM CRISE Henrique Pompilio de Araujo
Artigos COMO AFASTAR OS OBSESSORES Henrique Pompilio de Araujo
Artigos PARA ONDE FORAM OS ESPÍRITOS DOS DINOSSAUROS? Henrique Pompilio de Araujo
Artigos QUANTAS VEZES VAMOS REENCARNAR NESSA FAMÍLIA? Henrique Pompilio de Araujo
Artigos MOMENTO DE REENCARNAR Henrique Pompilio de Araujo
Artigos REENCARNAÇÕES SIMULTÂNEAS Henrique Pompilio de Araujo
Artigos OBSESSORES ESPIRITUAIS REBELDES Henrique Pompilio de Araujo
Ensaios QUE SÃO NOSSOS MENTORES ESPIRITUAIS Henrique Pompilio de Araujo
Ensaios RELACIONAMENTOS NA QUINTA DIMENSÃO Henrique Pompilio de Araujo

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 11 até 20 de um total de 62.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Naquela Rua - Graça Queiroz 60172 Visitas
Um conto instrumental - valmir viana 60129 Visitas
Vida Amarrada II - Lenda Dupiniquim - J. Miguel 60118 Visitas
RESENHAS JORNAL 2 - paulo ricardo azmbuja fogaça 60100 Visitas
O Desafio do Brincar na Atualidade - Daiane schmitt 60069 Visitas
O Banquete - Anderson F. Morales 60062 Visitas
Escrevo - Terê Silva 60054 Visitas
ABSTINENCIA POÉTICA - JANIA MARIA SOUZA DA SILVA 60043 Visitas
Fazendo bolo - Ana Mello 60038 Visitas
a historia de que me lembro - cristina 60034 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última