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Mulher e Religião
Henrique Moura

Resumo:
O papel da mulher na religião

Ao escrever sobre este tema não devemos nos desgarrar da idéia de que as religiões são manifestações humanas. E como tal, são frutos dos efeitos da cultura, do espaço físico e do tempo. Além destas questões a religião é, de uma maneira ou de outra, o poder de um grupo em detrimento de outro.

A figura da mulher, nas mais diferentes religiões, sempre possui um caráter de suma importância e influência. Seja como objeto de adoração, seja como caracterização da pureza ou da impureza. São visões tão distintas que se torna praticamente impossível chegar a um consenso.

Na grande maioria das religiões a mulher é vista como um ser inferior ou capaz de transformar a vida do homem e desviá-lo dos caminhos que o levam à um estado de superioridade religiosa. Senão vejamos, com um pequeno exemplo desta idéia, este pequeno trecho do Alcorão, livro sagrado dos mulçumanos:

        ...Capítulo IV. Versículo 11 - "Dai aos varões o dobro do que dai às mulheres".

        Capítulo IV. Versículo 38 - "Os homens são superiores às mulheres, porque Deus lhes outorgou a primazia sobre elas. Os maridos que sofrerem desobediências de suas esposas, podem castigá-las: deixá-las sós em seus leitos, e até bater nelas".

        Capítulo XXIV. Versículo 59 - (...) "Não se legou ao homem calamidade alguma maior do que a mulher" (ALCORÃO apud LOI, 1988, p. 17-18)...

Também na Bíblia Sagrada existem trechos onde se é possível se verificar uma possível inferioridade da mulher com relação ao homem. Senão vejamos:
               Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.(Efésios 5:22-24)
               Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor.(Colossenses 3:18)

Mais uma vez vale lembrar a influência dos costumes, da época e dos locais onde estes textos foram escritos. Tudo isto sofre com a conseqüência destes itens e de maneira extremamente forte.
     
As grandes religiões atuais são baseadas em figuras masculinas, tanto em suas divindades quanto em seus representantes (Padres, Pastores, Sacerdotes, etc). Poucas são as crenças que identificam na mulher papel de maior importância. As religiões Celtas, conhecidas como “antiga religião” a mulher sempre desempenhou um papel fundamental. O conceito da mulher como criadora de vida é o alicerce destas religiões.
          
O poder da fêmea e a sua capacidade de produzir vida eram considerados sagrados, o parto era considerado místico e poderoso. A mulher é o elemento que completa o homem, o homem o elemento que completa a mulher. Como dia e noite, céu e terra, ar e água. Yin e Yan.
          
Infelizmente, estes conceitos representavam uma ameaça à ascensão de religiões predominantemente masculinas, e por isso o feminino foi declarado impuro ou, pelo menos, um caminho mais curto para a impureza.
          
A filosofia Cristã decidiu denegrir o poder criativo da fêmea, ignorando a verdade biológica e fazendo do homem o Criador. O Gênesis diz-nos que Eva foi feita a partir de uma costela de Adão. A mulher tornou-se um rebento do homem. E um rebento pecaminoso, ainda por cima. Hoje, já é possível uma interpretação menos machista deste trecho das escrituras. Existem historiadores e teólogos que defendem a tese de que a retirada de uma costela de Adão para a criação de Eva representa a posição que a mulher deve ter junto ao homem. A intenção seria de que Eva viesse ao lado de Adão, e não de dentro do mesmo.
          
A idéia de que a mulher possa representar algo mais nas religiões mais tradicionais como a Católica Apostólica Romana, podem provocar grande comoção. Como prova disto podemos citar a polêmica causada pelo livro “O Código Da Vinci” do escritor americano Dan Brown. Um simples livro de ficção, onde Maria Madalena passa a figurar como figura central de uma grande conspiração proferida pela Igreja Católica para destruir sua imagem, fazendo-a passar de esposa de cristo à prostituta arrependida. Tal estória foi capaz de provocar a ira dos católicos mais fervorosos, merecendo inclusive a atenção pessoal do Papa, que pronunciou-se pedindo aos católicos que não lessem o livro. Afinal, para a referida igreja a imagem feminina mais difundida é, sem dúvida, a da Virgem Maria. Quão pura pode ser uma mulher que gerou um filho do próprio Espírito Santo. Tal imagem nos leva a atitude de profundo respeito e admiração.
          
Diante do exposto, podemos concluir que a imagem da mulher nas religiões, seja de forma positiva ou negativa, é de suma importância e influência. Assim como em nossa vida cotidiana.
          
A mulher que nos gerou, cuidou e educou. A mulher que hoje nos acompanha na dura caminhada da vida. Ou mesmo aquelas que figuram em nossas vidas como simples amigas. Na religião ou fora dela, a importância da mulher não deve jamais ser subjugada. São elas que nos trazem ao mundo, sejamos homens ou mulheres. São elas que, religiosamente ou não, dividem conosco nossa morada. Estamos por aqui apenas de passagem, e fazemos, todos, parte desta mesma empreitada.

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