É TARDE, o sol descamba no poente.
O céu vermelho aos poucos enegrece.
Árvores, plantas, rios, tudo emudece,
na tarde que agoniza lentamente.
Tudo imóvel. A natureza sente
a vibração do instante e até parece
que aos poucos se recolhe em rude prece,
triste, dorida, ansiosa, comovente.
A solidão do ermo asfixia.
O sol arqueja e enfim sucumbe o dia,
no sangue rubro que do céu escorre.
E é tanta a angústia nessa hora, tanta,
que o nosso ser também se desencanta,
e pena e arqueja e parece que morre.
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