Ajoelhei-me ao púlpito eclesiástico
E sucumbi ao poder que se pregava
Embora nada enxergasse o meu olho pagão.
Abriram-se as trevas, o precipício cavernoso de meus
Dias
E ao fundo uma lira
Suave, cantando melodias de luz.
Havia em meu caminho um marco plúmbeo obrigatório
No qual fora decretado, pela providência Divina, a intercessão
Sem dor
De anjos fraternais próximos ao coração tal como fizeram os meus
Irmãos.
Ao cruzar as portas maciças encantou-me o fato de
Não haver parede ao fundo da igrejinha.
Translúcido, um vitral aclamado ilustrava
A pomba alva do Espírito Santo
Descendo
Sob o Sol do Novo Reino.
E foi então que mostrou o rosto pulcro
Cristo Rei
E o ar tomou-se de aroma floral
E o amarelo-ouro fulgurou
Pelos retângulos coloridos.
E flamejou em mim o fogo divino das pastilhas vitrais
Que delimitavam aquele espaço de fé.
- Renegas ao pecado?
- Renego. – entreguei-me bento.
Molhou-me a cabeça o pastor
E na purificação do espírito
Trouxe-me a nova vida.
Vi em imagens intensas que explodiam como fogos de artifício
Meus pais e irmãos e irmãs e amores e uma paz sem fim.
Então demos as mãos, com as costas fitando os fiéis presentes ali, sentados
Em acolchoados bancos de madeira
Enquanto nossos queixos recostamos no peito, em direção ao altar
Que reluzia.
E rendemos graças.
- Levantai e louvai.
Oremos, irmãos.
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