Um homem pode ter amores
E amores.
um amor francês
leve, branco
e que causa embriaguez.
ou um amor de inverno
daqueles que basta um olhar
para todo seu corpo arrepiar.
Digo que frio já me bateu
e muito
na fase pueril.
agora um amor desses de ciúme
é dos bons e é dos apimentados.
bela, reluzente, rosada
e tomada pelo ardume!
dói, mas faz um bem...
e as moças instáveis, então?
balançam, como amoreiras carregadas.
tombam hoje ao seu querer desvairado
e temem amanhã,
pelo destino renegadas.
e há o amor medroso
que ao menor sinal de susto,
seja de barata ou do escuro,
aconchega-se ao peito
afetuoso.
E certa vez me veio ao vento,
inconseqüente,
um tal beijo indolente.
eram lábios comprometidos.
e desse querer proibido,
desse rompante desmedido,
o que me restou foi um verso
que chora
sobre o coração partido.
mas quando procuro neste mundo
amor maior, não me engano.
pois paixão incontida
inata no mais mimoso
desdém,
só existe em ti
quando miro teus
belos e infinitos olhos,
meu bem.
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