Tens um armário ao teu lado. E este armário uiva.
Tens uma parede calejada a tua frente que não te poupas de imaginação.
Tens uma janela triste, que te leva aos ouvidos indiferentes os sons da batalha.
Tens espectros ao teu redor. Delírios da alma, saudades incorporadas...
Tens o belo!
Tens o inconcebível!
A clausura te acomete solene estado de espírito. Em uma mão tu tens mão terrena apertando-te os dedos pálidos, o doce amor de teus queridos.
E na outra mão, tu tens quem quiseres. Tens o afeto que já se foi, tens a presença do sublime. Teus devaneios são noturnos, são sufocantes como o amanhecer. E são invejáveis.
E nesta cama purgante, neste leito de ansiedade, teus olhares são alento ao trajeto intransponível de tuas dores. E nossas dores.
Dar-te-ia minhas pernas e meu tronco, meus braços e antebraços. E permaneceria então o teu sorriso, a tua lágrima profunda de agradecimento.
Vá, encarna-te em mim e livra-te da cruz. Toma este corpo sadio.
E assim declaro findo o sofrimento.
E te tenho sempre em minha vista.
E honro a tua honra.
E levo-te eterno em minha história.
E nestes versos te faço memória.
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