A reflexão que ousamos fazer nas próximas linhas, poderia parecer, pelo título, mais um daqueles estudos teóricos que se faz sobre o tempo. No entanto, farei apenas uma abordagem filosófica, se é o termo que cabe aqui, do tempo que paira sobre nossas cabeças, sobre nossas vidas e o que vivemos no dia-a-dia.
É costume pensar sobre o tempo ou agir com o tempo, mas será que vivemos plenamente o tempo? Há o tempo que vivemos ou sentimos e contamos, talvez à custa de um tempo que nunca acontecerá, o tempo futuro. Nossa sociedade tem um comportamento muito intrigante, por vezes, vive o presente pensando no futuro e esquece de viver o presente. O próprio sistema capitalista é por natureza de acumulação do capital, seja quem for, do proletário ao empresário, dono dos meios de produção, todos correm atrás de acumular. A pergunta que fica é: para quê?
Há poucas pessoas que realmente fazem do trabalho seu prazer, sua vida, mas sem stresse. É certo que a correria do dia-a-dia causa estresse, mas se esse causa problemas aos outros e ao estressado é sinal que a coisa entrou em desequilíbrio. Afinal de contas, todo mundo procura, quer e deve ser feliz, mesmo que com limitações. Mas, o que se vê no cotidiano são as pessoas correndo atrás de um futuro melhor, que seja, mas que viva também o presente. O tempo passa...
Tenho pensado seriamente numa classificação social dos indivíduos humanos baseado no tempo. Pelo menos três classes podem ser delineadas: a) os que vivem no passado, b) os que vivem no futuro e c) os que vivem no presente. Evidentemente que vivemos nos três tempos a cada momento, mas existem aqueles em que na sua vida diária predomina algum dos tempos.
Tem gente que vive pensando no que passou, saudosistas de um tempo que nunca voltará, o que fizeram não volta mais e aí a nostalgia é como se fosse uma bebida, que deixa o cara na maior satisfação, esquece do presente ou procura fugir dele para não lembrar dos problemas da vida, o presente é como se fosse um tormento e o futuro nunca será melhor do que o passado. Algumas vezes, essas pessoas estão presas a vícios, como o álcool, etc., que os deixa fora da realidade ou “ameniza” seu sofrimento.
Quem vive no futuro acorda pensando no dia de amanhã, no mês seguinte e no que fará no final de semana. Pensam no carro e na casa que vão comprar ou construir e esquecem de viver bem o presente, esquecem até o que viveu no passado e que não deu certo, repetindo muitas vezes os mesmos erros.
Devemos sempre refletir nossa forma de viver e como usamos o tempo. Saber administrar o tempo é fundamental e, em qualquer caso, o equilíbrio é fundamental, viver bem o presente e almejar um futuro melhor é necessidade de qualquer cidadão. Vivermos bem o presente significa que teremos um passado belo, um presente para ser feliz e um futuro de esperança! Cada momento é único. Não podemos desperdiçar cada minuto, mas precisamos viver com dignidade e respeito a tudo e a todos, sermos civilizados, com compaixão para aqueles mais necessitados e indulgência com os que estão fora do caminho do bem, sobretudo vivermos em solidariedade, respeitando e se fazendo respeitar.
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