Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
JOÃO GUIMARÃES ROSA – O MITO
O Mito
NEWTON EMEDIATO FILHO

Resumo:
O ESCRITOR SINGULAR, MINEIRO DE CORDISBURGO.

JOÃO GUIMARÃES ROSA – O MITO


Em 2008 comemorou-se o centenário de vida de um dos principais escritores do século passado: o brasileiro João Guimarães Rosa – nascido em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo/Minas Gerais – e falecido em 19 de novembro de 1967, no Rio de Janeiro; três dias após ter tomado posse na Academia Brasileira de Letras. Ele tinha pressentimentos de que não deveria tomar posse na ABL, pois acreditava que morreria logo depois. Ele bem que sabia disso, pelo simples fato de ser um homem visionário! Eis a razão pela qual ele adiara sua posse na academia por várias vezes.

   Ainda menino, em Cordisburgo, aprendera francês, holandês e alemão, quando ainda estudava no colégio Arnaldo, em Belo Horizonte. Na Faculdade de Medicina de Minas Gerais, aperfeiçoou-se ainda mais na língua alemã.
Após se tornar médico, foi clinicar em Itaguara, interior mineiro e por dois anos teve contato com vaqueiros e, principalmente com os ciganos – e se sentia fascinado pela linguagem destes. Clinicava pelas fazendas afora, a cavalo, andando por léguas e léguas.

Guimarães Rosa consultava os fazendeiros, como também suas famílias e cobrava, no final, apenas o preço de uma única consulta. Nesta época, inspirado pelo universo do sertão, já esboçava os contos que iriam fazer parte de um livro revolucionário na literatura brasileira: Sagarana, 1946. Antes, porém, recebera um prêmio da Academia Brasileira de Letras pelo livro de poemas por ele escrito, intitulado: Magma, 1936 que somente fora publicado em 1997 – tais poemas são enigmaticamente elegantes. Ele tomou gosto pela literatura e o resultado foi este: perdemos um grande médico e ganhamos um excelente escritor.

Depois de dez anos do lançamento de Sagarana, ele impressionou o mundo com o seu romance, Grande Sertão: Veredas (em maio, 1956) e as novelas que compõem Corpo de Baile (fevereiro, 1956), este dividido em três livros: Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá no Pinhém e Noites do Sertão.

Na pequena e mística cidade de Morro da Garça – em pleno coração do sertão mineiro, até hoje por lá os moradores ainda comentam sobre a comitiva do dr. João Rosa. Com ele também vários vaqueiros chegaram, conduzindo uma boiada de mais de trezentas reses, vinda de Três Marias e conduzida até Araçaí, depois de Cordisburgo.

Quando fez parte desta comitiva, João Guimarães Rosa tinha acabado de chegar da Alemanha, no oficio de embaixador e deixava Manuelzão perplexo, amolado, com as inúmeras perguntas que lhe eram dirigidas. Rosa também instigava Zito, vaqueiro poeta. Os versos e as respostas de ambos eram anotados em cadernetas – coleta de dados. O escritor, já consagrado com o livro Sagarana, trazia dependuradas as cadernetas com barbante, no próprio pescoço. Este contexto era o laboratório linguístico e estilístico – inovador – utilizado para escrever algumas de suas obras relevantes, como seus contos míticos – Entremeio: Com o Vaqueiro Mariano e o Meu Tio Iauaretê.

Em agosto de 1962, publica Primeiras Estórias. O último livro do autor publicado em vida foi Tutaméia (Terceiras Estórias) em Julho de 1967. Quanto aos seus livros póstumos, estes foram organizados pelo ensaísta húngaro Paulo Rónai: Estas Estórias, novembro de 1969 e no ano de 1970 o livro Ave Palavra!

Se fizermos a pergunta: Quem foi afinal de contas João Guimarães Rosa? Ora, sem dúvida teríamos muitas respostas, pois ele foi o menino míope conhecedor de línguas; o estudante que procurava livros sobre medicina em alemão; o soldado rebelde da Revolução Brasileira de 1932; o médico interiorano que gostava de ouvir casos; o embaixador na Alemanha, França e Colômbia. Mas, sobretudo ele foi o escritor que misturava histórias suas – vivência e inspiração – com a dos outros personagens fictícios e reais. Aliás, como ele mesmo dizia: “Literatura é Vida!”


Estudiosos da obra roseana: doutores, tradutores e linguistas das principais universidades do mundo todo se intrigam com o fato de como um escritor tão magnânimo, caminhou e se inspirou aqui no sertão de Minas Gerais, para escrever algumas das mais belas obras da literatura universal.    
                                                                             
                                                &&&&&&&

* Newton Emediato Filho é sociólogo com Especialização em Direito pela UFMG. Publicou o romance lírico infanto-juvenil Um Carro de Bois que Transportava Logos e participações em coletâneas como: Rio das Velhas Em Verso e Prosa (Prêmio Projeto Manuelzão/UFMG, 2006); Letras Mínimas, 2007 e Elos e Anelos ,2008 (Prêmio Menção Honrosa).
E-mail: carrodeboisbr@yahoo.com.br


Biografia:
NEWTON EMEDIATO FILHO natural de Belo Vale, em Minas Gerais, filho de Newton Emediato e Virgilina Augusta Emediato. É formado pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduou-se em Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia e Política). E se especializou na Faculdade de Direito, da mesma Universidade, em nível de Mestrado – Assessoria Técnico-Legislativa Avançada. É autor de vários ensaios sobre a obra de um dos maiores escritores latino-americanos, João Guimarães Rosa, tendo participação ativa em seminários internacionais realizados pela PUC/Minas sobre Guimarães Rosa. Um Carro de Bois que Transportava Logos é o seu primeiro romance com comentários (orelha) feitos por Luís Giffoni: [...] Já disseram que Minas são muitas. A literatura também. Um Carro de Bois que Transportava Logos viaja por algumas delas [...]. O conto Um Papagaio Palimpséstico foi selecionado no Festival Festivelhas, originado pelo Projeto Manuelzão/UFMG, realizado no Morro da Garça/MG – em Novembro de 2005. Rio das Velhas em Verso e Prosa, Projeto Manuelzão, Instituto Guaicuy – SOS Rio das Velhas, primeira edição, dezembro – 2006. O conto Um Papagaio Palimpséstico foi agraciado com Menção Honrosa no 5 Concurso Guemanisse de Contos – dezembro de 2007 –, que foi o mais concorrido concurso literário promovido pela editora. Palavras mini-conto publicado no livro de coletânea Letras Mínimas pela Editora Guemanisse, Rio de Janeiro, 2007. E-mail: newdiato@hotmail.com
Número de vezes que este texto foi lido: 61670


Outros títulos do mesmo autor

Artigos LEI 11.888 - MORADIAS SUSTENTÁVEIS NEWTON EMEDIATO FILHO
Artigos OS DESCAMINHOS DO CAMINHO VELHO DA ESTRADA REAL NEWTON EMEDIATO FILHO
Artigos SUSTENTABILIDADE & CAPITAL GLOBAL NEWTON EMEDIATO FILHO
Artigos OS DESCAMINHOS DO CAMINHO VELHO DA ESTRADA REAL NEWTON EMEDIATO FILHO
Artigos Município – Um Ente Federativo NEWTON EMEDIATO FILHO
Sonetos TRESLOUCADAMENTE NEWTON EMEDIATO FILHO
Artigos JOÃO GUIMARÃES ROSA – O MITO NEWTON EMEDIATO FILHO
Contos ELOS E ANELOS NEWTON EMEDIATO FILHO
Contos PALAVRAS MÍNIMAS NEWTON EMEDIATO FILHO
Romance Um Carro de Bois que Transportava Logos NEWTON EMEDIATO FILHO

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 18.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
PERIGOS DA NOITE 9 - paulo ricardo azmbuja fogaça 62694 Visitas
Jornada pela falha - José Raphael Daher 62544 Visitas
Mistério - Flávio Villa-Lobos 62376 Visitas
Eu? - José Heber de Souza Aguiar 62329 Visitas
O Cônego ou Metafísica do Estilo - Machado de Assis 62243 Visitas
Viver! - Machado de Assis 62229 Visitas
Os Dias - Luiz Edmundo Alves 62216 Visitas
- Ivone Boechat 62191 Visitas
PEQUENA LEOA - fernando barbosa 62178 Visitas
Insônia - Luiz Edmundo Alves 62170 Visitas

Páginas: Próxima Última