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Matéria do indizível |
Flora Fernweh |
Não há movimento que ofusque a cor de uma tarde inerte
nem descrições exatas sobre aquele impreciso limbo
entre a madrugada e a manhã, entre o dia e o anoitecer
entre o fim e a existência, entre a companhia e a ternura
Palavras ressoam acima do que se pode tocar ou ver
mas ainda não se pode chegar ao âmago do pretendido
há silêncios que demoram mais que toda uma vida
e paisagens que nos retumbam a memória e o sentido
Não se deve dizer tudo o que é passível de ser dito
porque não se exaurem todos os significados
existe um canteiro íntimo a ser preservado
há quem diga o que as horas não permitem
e aqueles que nada proferem, os que omitem
somente o toque exprime o que a pele sente
ainda que a carta afague os olhos ou o ego
apenas a dor ensina o pranto indelével
embora o amor seja o prato inexorável
de amena lembrança e doce cuidado
de volúpia que atrai o prazer ousado
descrições são poucas para amar
verbo conjugado em pessoa única
mil histórias são insuficientes
não há civilização que não ame
e ainda assim não nos contentamos
insistimos em não saber
enquanto não pudermos experimentar
a fuga que é se deixar levar
pela certeza em outro olhar
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Biografia: Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. |
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