Noite de Sábado, noite estrelada, quente. Quatro meses em casa, entre a tv e suas tragédias, o quarto e sua sepultura, o pequeno quintal e o vazio da rua, abreviado por algum estampido, um gesto solitário, um som que surge sem intenção, uma queda, um espirro, um respiro, um alento, um sorriso nervoso, coisas que vão surgindo pelo caminho. Era só mais um Silva que a estrela não brilha. Desempregado, invisível, vivendo com a mãe aos 35 anos, 2 filhos, esperando o auxílio emergencial que nunca chega. Escutou o som do fluxo, as cachorras chegando em calças coladas e micro-shorts, os manos enchendo as sacolas de cerva, whisky e energético, baforando lança e cheirando pó no meio da rua, sempre a mesma cena de todo fim de semana, hoje o Jd. dos Francos vai bombar. Viu seu presidente curado (?) sair de moto, posar pra foto, falar com os garis sem proteção, fazer propaganda da cloroquina...Vestiu os panos, deixou a máscara e foi pro funk...Morreu 3 dias depois, febre, dores nas costas, sem respiração, covid aguda, choro de mãe e enterro fast food...
Sábado a noite tudo pode mudar...
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