Quem assiste ao filme “Millenium – Os Homens que não Amavam as Mulheres”, pode pensar que a estória da hacker Lisbeth Salander termina quando ela joga no lixo o presente que comprou para o jornalista Mikael Blomkvist, ao vê-lo abraçado com uma outra mulher.
Na versão mais conhecida do filme, Blomkvist é interpretado pelo último 007 Daniel Craig. Rooney Mara do filme “Maria Madalena”, interpreta a Lisbeth Salander. Em tempos em que o conservadorismo ganha espaço no mundo, Salander seria vista como um ponto fora da curva. Uma heroína antissistema.
A saga da Lisbeth Salander vai além dos homens que não amavam as mulheres. Ao todo são seis livros. Três foram escritos por Stieg Larsson, “Os Homens que não Amavam as Mulheres”, “A Menina que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo do Ar”. David Lagercrantz foi o encarregado de terminar a série com “O Homem que Buscava sua Sombra”, “A Garota na Teia de Aranha” (tem o filme) e “A Garota Marcada para Morrer”.
À medida que lemos os livros, vamos conhecendo detalhes da vida de Lisbeth Salander que vão além dos abusos sexuais. Seu pai era um espião russo que fugiu para a Suécia levando consigo muitos segredos. Para proteger o espião desertor, o sistema político sueco também abusou da nossa heroína quando criança. Desde cedo Lisbeth Salander foi uma sobrevivente.
Na saga de Lisbeth Salander a podridão por trás da política salta aos olhos. Para proteger a mãe doente dos abusos do pai, a menina Salander tenta queimá-lo atirando um coquetel molotov no seu carro. Logo, enquanto ajuda o jornalista Blomkvist, Salander passa a ser perseguida por uma facção comandada pelo seu pai. Ele tem aliados nos altos escalões suecos.
Quando seu pai finalmente morre, Salander descobre que a facção fica nas mãos da sua irmã Camila. Uma espécie de queridinha do papai. Um ódio mútuo mortal nutre as irmãs. Com espionagens e mortes acontecendo durante uma escalada do monte Everest, a saga de Lisbeth Salander termina em “A Garota Marcada para Morrer”.
Mesmo odiando a irmã, o dedo travou no gatilho nas oportunidades que Salander teve para matá-la. Apesar de ser cruel com os inimigos, uma luzinha de consciência nunca deixou de brilhar dentro dela.
Dificilmente uma heroína como Lisbeth Salander conseguirá se ajustar ao sistema imposto pelas sociedades. Ela tem seu mundo próprio. Nele as bebedeiras e as paixões lésbicas são normais. Temo que ela seria capaz de jogar bem mais do que um presente no lixo. Um leve descuido e Lisbeth Salander fará isso com a sua vida.
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