Um cronista é alguém que desnuda a alma de uma cidade. Deixa as claras o que está oculto pela correria do dia a dia. Sem pretensão a ser um historiador, memorialista ou repórter, o cronista acaba fazendo esse trabalho. Em jornais ou em livros, publicando na internet, o cronista vai tecendo uma memória coletiva. Depois as reúne em algum momento e as publica, como um menu de histórias.
Pedro Marcelino, com o seu livro “Grandes coisa”, com olhar bastante humanizado, muito devido a sua formação, e a nostalgia do memorialista ligado à terra, nos traz uma Alagoinhas mais viva, mais boêmia e politizada do que o seu presente cinzento se apresenta. Original de Boa União, distrito de Alagoinhas, resgata causos e contos desse vilarejo. Um período de menor violência, de pessoas rijas vivenciando uma vida árida, com todo o seu saber-fazer.
Essa Alagoinhas perpassa o tempo dos petroleiros, de ativismo político pelo PCdoB e tour em bares alagoinhenses. De modo extrovertido, o autor nos faz caminhar por essas ruas ainda em construção, essas resenhas ao som de viola e cachaça da boa. O cotidiano nunca pareceu tão excepcional. E como diria seu Leal, Alagoinhas é uma grande coisa aos olhos dos filhos que realmente conhecem o seu valor.
Evocando a linguagem informal do baiano e os costumes sociais, a culinária “pesada” e fazendo rir com as peripécias de petroleiros, o escritor consegue nos fisgar a cada virada de página. É de se emocionar como o autor busca reviver esse tempo que existe e persiste em sentimentos e emoções que só podem ser vividas uma vez mais na memória, lugar da afetividade da alma.
O livro é rico em imagens, é só ler e vivenciar as experiências de Pedro Marcelino e de suas testemunhas, ao longo do livro ele evoca várias. Coisas corriqueiras ganham um tom especial. A crônica como sinfonia do tempo e do espaço, e por ela, vamos nos preenchendo de amor a Alagoinhas. Essa cidade que encanta e fascina, ao mesmo tempo que desperta nosso senso crítico.
O seu segundo livro é publicado pela FIGAM Editora. A capa e contracapa do livro é uma reprodução dos quadros do artista plástico Antônio Lins. Com orelha de Augusto Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia. Já o prefácio ficou a cargo do Prof. Osmar Moreira, com revisão da prolífica Prof.ª Eliana Batista. Ao fim do livro, temos os depoimentos de Antônio Torres e Jean Wyllys sobre o seu primeiro livro Alagoinhas: o que a memória guarda. O livro contou com apoio cultural de várias instituições e órgãos municipais como colégios, sindicatos e lojas de serviço. A diagramação está perfeita em suas 168 páginas, o designer de capa está estupendo! Alguns erros ortográficos foram vistos, mas insignificantes frente ao conteúdo.
Onde comprar:
Shock Revistas e Jornais
Rua Conselheiro Couto, 155 - Bairro: Centro - Alagoinhas - BA - CEP: 48005-130
(75) 3421-6106
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