O trabalho é cansativo
Desvio à ocupação
Garante-nos sustento
É o preço da não distração
Não nos faz ver a vida com maior sentido

Trabalhamos ocupados
Cansamo-nos a mente
Ela dói e temos fome
Aborrecemo-nos, fugimos
Continuamos pobres

O tempo que temos de troco
Nessa compra da sobrevivência
É nada comparado ao tempo
Que nos dão de pressão

Vale muito o descanso
A vida é cara, soldado
Perde-se num instante
Tal e qual o salário acaba

É preciso um recreio
Para sair à praça
Ser amado e gostar disso
Conviver com essa desgraça

Beijar a brisa e à voz do vento
Tirar o cu da cadeira
Pôr as mãos a comer
E a cabeça vazia

É preciso intervalo
Ou somos escravos modernos
Até que nos tornemos a todos
Patrões de nós mesmos.

Outros títulos do mesmo autor