CA – Dentre todas as dificuldades do nosso mercado nacional de quadrinhos, qual é a que te deixa mais irritado?
Laio Yuni – Olá Caliel. A falta de apoio é com certeza um dos grandes problemas do mercado nacional. Na maioria das vezes as empresas preferem apostar em uma história de fora do país simplesmente porque é "gringa", como se isso tivesse algum diferencial a mais. Existem muitas pessoas criativas aqui em nosso país.
CA – Além de produzir prolificamente como quadrinista, você já participou de trabalhos profissionalíssimos como o board game Vaporaria, nos conte como foi essas experiências?
Laio Yuni – Foi uma experiência muito bacana, pois o projeto tinha muito a ver comigo. Um mundo pós-apocalíptico, steampunk, com mekas (robôs controlados por um piloto) e raças como anões, alienígenas, humanos e minotauros que estão em guerra realmente é muito interessante. haha Eu basicamente fiquei responsável pela criação dos personagens principais. Existe um livro no qual foi escrito pelo criador do universo Vaporaria Antonio Marcelo e pelo roteirista Rodrigo Rocha que narra à história do jogo. Então foi me dado a oportunidade de demonstrar visualmente esses personagens que antes estavam só dentro do livro. Eu acabei fazendo também a capa desse livro, além de algumas cartas para o jogo. Foi bem legal receber comentários das pessoas sobre os personagens, acho que consegui chegar perto do que eles imaginavam. Recomendo dar uma olhada nesse jogo, é bem legal.
CA – Se você tivesse oportunidade de conhecer um dos seus personagens em carne e osso, qual você escolheria?
Laio Yuni – Que pergunta difícil... Cada um dos meus personagens tem características bem diferentes, dificilmente se repetem. Tem uns que são parecidos comigo, ai não teria muita graça de conhecê-los. Outros são muito bravos ou muito frios o que é o sinônimo de "chatos". Acho que gostaria de conhecer um inteligente e gentil, que conseguisse ensinar e ao mesmo tempo gostar de aprender. Acho que a personagem que seria meio assim é a Kaory do Magic Ystin.
CA – Dentre suas obras originais, Magic Ystin parece ter o maior apelo entre o público, a que se deve esse sucesso?
Laio Yuni – Na verdade acho que é porque foi à obra em que mais abri para o público. Apesar de está escrevendo, desenhando e lançando desde 2006, o Magic Ystin não foi minha primeira nem minha última ideia para HQ. Tenho mais dois projetos que estão mais sólidos e que penso em lançar. Eu penso que posso voar que será uma história infantil com traços estilo Disney e Laio Rei, que será um conto grego sobre a história do antigo Rei de Tebas. Essa HQ será em um estilo americano. Enfim, adoro criar. O que me falta é tempo, ou uma equipe de produção... haha.
CA – O que é a Anime Company e como ela funciona?
Laio Yuni – Foi uma ideia meio maluca que tive para assinar os trabalhos. A um tempo atrás tive um mangá com um amigo chamado Bushido. O roteirista era o David Ferreira e eu ilustrava. Nós íamos em eventos para vender o Magic Ystin e divulgar o lançamento do Bushido, meio que éramos uma dupla de criadores de histórias em quadrinho, e adotamos "anime company" como nome da dupla. O Bushido infelizmente nunca foi lançado por falta de tempo, mas existem histórias, contos, todos os personagens desenhados e um blog desatualizado. Até a última edição do Magic Ystin estava assinando como anime company, mas para as próximas estou pensando em retirar.
CA – Atualmente existe alguns concursos de mangas no país que possibilitam a publicação e até remuneração dos mangakas, como você enxerga essa possibilidade?
Laio Yuni – Estou um pouco desatualizado sobre o assunto. Alguns amigos participaram de um da JBC e não falaram muito bem. Eu participei a uns três anos de um da Editora Abril com o "Eu penso que posso voar" e fui até a terceira fase. Na época tinha menos coisas para mostrar do que tenho hoje. Esses concursos são perigosos, dizem que a empresa se apossa dos direitos da sua criação só pelo simples fato de você estar participando, foi isso que me disseram sobre esse concurso da JBC, mas não tenho certeza porque não participei tampouco li as regras. É importante que todo criador de conteúdo registrem suas obras e fiquem atentos a isso. Não tive esse problema com a Abril.
CA – Yuu Kamia é mais um dos nossos talentos exportados, como Laio Yuni enxerga essa fuga de cérebros que acontece com artistas brasileiros?
Laio Yuni – Acho o máximo! Estão recebendo o valor que aqui no Brasil não recebem. Hoje em dia muitos ilustradores vivem aqui no Brasil mas trabalham para estúdios internacionais. Isso é realmente muito bom.
CA – Qual manga não pode faltar na estante de qualquer otaku?
Laio Yuni – Dragon Ball. Adoro e sempre tenho como referência as artes do Toriyama.
CA – Qual é a oportunidade que está faltando a Laio Yuni?
Laio Yuni – Talvez financeiro. Para que pudesse trabalhar e focar somente nisso.
CA – Qual é o próximo passo do nosso querido mangaka no futuro?
Laio Yuni – Primeiramente me formar em design. O futuro ninguém sabe, mas uma coisa é certa: não vou parar de criar.
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