Crônica
A droga vem
Prof Antônio José
Sentado no banco da praça, alegre e cheio de vida. Cabelos longos, tatuagens espalhadas pelo corpo, bermuda de marca e sandálias de couro. Um carro arretado que o pai lhe dera de presente enfeitava o pedaço e atraía mulheres de todas as tribos.
Um cenário perfeito para um filme de aventura com final feliz. Mas não era. Nasceu numa família abastada e tinha tudo de que precisava para ser bem sucedido na vida. Entretanto, começou desde cedo a sair com colegas e desobedecer os pais. Nas andanças da vida e nas esquinas das ruas foi encontrando os primeiros convites para ser um jovem "esperto".
Alguém chegava e dizia:- olá meu, vem comigo que hoje a noite é nossa, maneiro? E ele mergulhava na onda da juventude vulnerável. Começava a pegar os primeiros aviãozinhos e aterrizava nos bancos das praças. Deixava a escola em busca de um cigarro de maconha ou uma pedra de crack.
Ficou magro, seu semblante mudava a cada dia. Os pais já não o dominavam mais e ele se revoltava com a própria família. Numa manhã de céu nublado e de pouco movimento, na pracinha da cidade, ele é visto deitado num banco de cimento já em estado terminal e com voz agonizante liberava as últimas palavras:-a droga vem, vem, a droga vem.
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