CRÔNICA
Dos mares, o menor
Prof. Antônio José
Era tarde, o Sol se preparava para o crepúsculo vespertino e a maré dava sinal de que não ia poupar o caminho dos passantes. Foi exatamente na curva, bem lá na curva do corredor de Manoel de Otávio que ela resolveu lavar a pista. Saía da escola quando alguém sinaliza de que o acesso litorâneo ao centro da cidade estava interrompido. Motivo? O avanço do mar.
Tive que fazer meia volta e buscar outro acesso, que por sinal, veste-se de buracos. Mas era o que me restava, afinal não tenho avião para alçar voos rasantes. Não moro em Brasília, não sou deputado, sou professor com salário atrasado. Não vi, mas disseram que a multidão observava o episódio. Todos de olhos arregalados e comentando sobre o rio que escondia o resto do asfalto negro.
Em tempos de crise até a maré faz protesto e diz que quando não se planeja bem o futuro as consequências são inevitáveis. E quem sofre com isso? Os estudantes, o comércio local, o turismo, os passantes em geral, que têm obrigatoriamente, nas suas andanças, o seu percurso alterado.
E hoje, ao passar no local, vi um cenário inédito. A pista virou areia e um amontoado de "buscas" e algas desprezíveis. Ah, se fossem algas comerciais! O acesso estaria limpo, afinal em tempos de crise até o "capim" vale ouro! Dos mares, o menor.
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