Percorro ao frio os dias da cidade,
As ruas, os cansaços, até a morte,
Tudo ao longe, bem fundo, é saudade
Que hora a hora no silêncio me consome.
Sou da noite porque o dia me castiga
Sou da morte porque a vida me renega
Sou da terra porque o céu nunca me abriga
Quero nada porque tudo não me chega.
E encontro no silêncio das Arcadas
Uma longa e rebuscada curvatura,
Como as linhas desta mão, perdidas e cansadas!
E como os arcos que passam pela Praça, enquanto dorme,
Quero muito à morte porque nela a vida dura,
Mas quero mais à vida porque é nela que se morre!
|