Ouvi a expressão, “piranhas no andar de cima”; porém, hoje, andam contando os passos no térreo e colhendo aplausos? Castelman expressa, “A caça da onça é sempre divertimento, o combate ao jacaré, um simples passatempo, o encontro com as serpentes venenosas é um acontecimento diário, mas falei-lhes de piranhas e vereis que seu rosto se contrai exprimindo horror”; Pablo Neruda pergunta,” Por que o tubarão não ataca / as impávidas sereias?”
Somos a embarcação flutuante que navega direito, apenas a naufragar nas águas frias e salgadas? O discurso segue o caminho que nos conduz à formação rochosa? Na passagem do tempo ficamos assistindo o empilhamento de pedras em várias alturas no equilíbrio possível?
Quando será suspenso o “concurso” de mentiras? Se os dias são iguais, por que tropeçamos no primeiro de abril? Há prêmio para quem criar “invencionices inusitadas”? Ou para quem detalhadamente constrói através da mentira? Quantas artimanhas são utilizadas para alcançar o poder? Há recompensa para quem ao ludibriar os fatos gere “cascatas” que resistam ao tempo?
Prestemos atenção, as cores do dia são pintadas com tons contrastantes, vibrantes e conflitantes; então, quantas composições diferentes se multiplicam aplicando a inverdade e dinamizando a maldade? Pablo Neruda completa, “Se fundirá tua destruição / em outra voz e em outra luz?”
Considerar o fato como capricho é pontuar o semelhante e o desprezar? A verdade deve vencer a mentira? Cada coisa tem sua hora e lugar, certo? É possível dizer as palavras certasno seu devido tempo, sem inventar palavras que atropelem o tempo? Agir por vontade própria, com gosto, cor e uso é descumprir a lei? É desfiar o distorcido com a técnica da execução? Neruda questiona, “que coisa irrita os vulcões / que cospem fogo, frio e fúria?” e “Com que direito numeraram as uvas do cacho?”
Alguém escreveu que “A araucária nos acompanha do berço até o momento em que descarnamos. Traz renda e benefícios para todos... tem fazendeiro destruindo essa espécie fantástica. Se ele cortar a araucária crescida pode ir preso. Criou-se um desamor à espécie. A lei é burra – só proíbe e não busca soluções. Só falta vontade política... a cutia, boa de ouvido, não perde o ruído da pinha caindo”.
Não temos dentes, nem garras para abrir o pinhão. Como fazer da vida a “luta” diária que nos mantenha vivos? Pablo Neruda pergunta, “É verdade que as esperanças / devem regar-se com orvalho?”
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Biografia: Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e
A Linguagem da Diferença. |