Tomo como exemplo a fotografia das crianças sentadas de frente para o mar. Elas estão totalmente integradas à paisagem. A sensação que essa imagem produz, é a de serem “engolidas” pela paisagem, de tão pequenas que se tornam diante do mar; verdadeiros traços instigantes.
A mesma imagem permite outra revelação, a de que a paisagem é tão ampla que a minha imaginação se apresenta num tempo onde há o jogo entre o sentimentalismo e a hora do clik, permitindo-me admirar no espaço a bela imagem do ser diante da paisagem, enquanto arte, e a perceber a diminuição do ser, enquanto traços instigantes.
Momento artístico, descrito através da imagem como movimento, também encontrado na literatura nos traços instigantes da poesia. alguns poetas descrevem a paisagem e homenageiam a grandiosidade do momento, com Douglas Mansur ”... fotografo com os olhos / Revelo no pensamento / Amplio no coração / Distribuo com os lábios e com as mãos / Eternizando os momentos da história”.
A hora do clik registra traços instigantes em que se considera o tempo como o melhor momento, porque, sem amarras, junta o passado ao presente na expectativa de que o futuro seja construído com suas apropriadas verdades.
Busco nos traços instigantes respostas, em diferentes campos e, assim, emocional e culturalmente me fortaleço ao nutrir equilíbrio entre a paisagem e a reflexão da imagem, como relevância e suporte à mente e ao valor que a arte tem na posteridade; não como doação e sim pela qualidade que desempenha em minha vida. Douglas Mansur revela, “Fotografo no claro / Revelo no escuro / Amplio na luz vermelha /Na luz do passado vejo a história”.
Interessante como as pessoas interpretam de maneira diferente uma mesma paisagem. Enquadram a imagem com o objetivo mobilizador do pensamento, dando o toque pessoal à fotografia.
Atualmente, quando vista uma paisagem considerada interessante, a imagem é registrada através do aparelho celular e, imediatamente, colocada nas redes sociais. Essa é uma das variantes do mundo moderno. No entanto, há a tendência de que o uso do celular para fotografar e divulgar traços instigantes estigmatiza comportamentos ditos despojado, não sendo algo culturalmente relacionado à arte, o que seria comprovado apenas pela sensibilidade de cada um.
Traços instigantes: imagem x paisagem, ganha como aliado o aparelho celular no possibilitar desvelar com habitualidade o momento de contemplação. É impacto que põe em xeque a motivação versus arte, emoção versus momento. Que, sem rotulações abre portas para a imaginação em leque de possibilidades para atribuir significado aos traços diferentes, esculpidos através da vivência, com o poder transformador das artes, como escreveu Margarida Reimão, “Uma realidade marcada na moldura de um quadro...”
|
Biografia: Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e
A Linguagem da Diferença. |