A literatura infantil, apresentada às crianças, geralmente finaliza com o chavão: felizes para sempre, mostrando apenas a fantasia que a criança deseja viver e que, quando adulta, verificará que, para alcançar a felicidade daquela frase, passará por (muitos) marcos na vida.
De fato, crescemos acreditando que seremos felizes para sempre; que encontraremos o amor sincero, o trabalho desejado e a vida perfeita – e, assim, depositamos em nós, altas e, talvez, falsas expectativas. Nas palavras de Júlia Du Bois, “A esperança é feliz”.
Para realizar nossos sonhos e desejos, precisamos acreditar que a felicidade existe e que é sentimento complexo que exige permanente manutenção de nossa parte. Nutrimos, desde cedo, o sonho/esperança de alcançar a plenitude em nosso projeto de vida. Carmen Presotto revela, “Entre o fim e o serei / está o é / - flor umedecida d’eus - / desensimesmando-se por viver”. Segundo Sueli G. Frosi, “Hoje estou feliz... Cercar-se de gente boa e inteligente é o pontapé inicial para que nossos sonhos aconteçam...”.
Apostamos nos esforços diários e tentamos fugir da felicidade instantânea. É comum acreditarmos que sempre haverá mais uma alegria na rotina; a oportunidade de ser feliz no dia a dia. Para Helena Rotta de Camargo, “A felicidade tem índole cigana. Se tentarmos envolvê-la, ela fugirá, ventando”.
Somos movidos pela verdade e temos a capacidade de construir, observar, criar, amar e lembrar que a vida se traduz em novidades. Daniel F. Nunes de Oliveira expressa, “Ando pelo mundo, / coletando milhas, memes e sonhos / Plantando mínimos detalhes cênicos / Aliviando avenças, contemplando diferenças //... Ensinando, aprendendo, inventando todos os dias, / O sentido dessa vida aleatória //... Rolo o dado da vida sem medo / comemorando vitórias, sorte / Desacreditando (o) no azar // Nesse jogo diário...”. Procuramos nos envolver em atividades que trazem o bem estar para nos conectarmos com as tantas realidades.
Ser feliz para sempre é processo repetitivo para fugir da insatisfação, e para rever conceitos em que estamos contextualizados; avaliar nossas conquistas, refletir as perdas e fazer mudanças.
Indagamos sobre o que traz a felicidade. Não sabemos ao certo, mas, ser feliz é prioridade para a nossa realização pessoal e profissional: sentidos dos sentimentos; como em Valmor Bordin, “... Talvez! Padeço outro mundo, / Inocente e distraído, / Ferida alma iludida, / Lutando dentro de mim...” Como diziam os antigos, “com um limão, fazemos limonada”; que ninguém vive só da felicidade. A vida implica desafios e rotinas; conflitos e preocupações; causas e consequências. Ao pensarmos e decidirmos essas situações, encenamos os momentos e criamos uma vida realizada; então, a fantasia se incorpora à realidade: viveram felizes para sempre!
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