Não muito distante de qualquer meio de mato é possível acessar quaisquer aparelhos conectados a uma boa rede de internet e, adivinhem, junto com ela, vem a sala de bate-papos mais visitada do mundo: whatsapp.
Há tempos venho observando a febre, pessoas se tornando inertes, inspiradas e intrigadas com tantos chats ao mesmo tempo. Atitudes totalmente divagadas, vontades submersas, afinal, nada melhor do que colocar o papo em dia com "amigos".
Em meio a esta inércia, pergunto-me se algum deles já percebeu que existe vida paralela ao aplicativo? Pesquisas revelam que grande parte dos jovens aceitaria inserir um chip sob a pele que acusa o recebimento de mensagens na rede. Brincadeira, não?
Quantas e quantas vezes presenciamos famílias inteiras em uma mesa de jantar e, ao invés de se socializarem, estão inertes, absorvidas pelas novidades do celular e, provavelmente, inseridas no aplicativo.
Enquanto isso, a vida segue do lado de fora: culturas, estudos, amigos reais, totalmente à parte do mundo virtual e esquecidos pela grande massa cibernética.
Iniciativas, atualmente, são visíveis desde que haja um aplicativo que possa acessá-las... Já pensou que "barato"? Acesse o ícone "iniciativas" e tenha tudo ao seu dispor: matérias estudadas, conhecimento de mundo, viagens culturais, idiomas na ponta da língua. Pronto! Tudo ao meu alcance.
Mas, infelizmente, não é assim que funciona.
Embora existam aplicativos que nos dão acesso a grande parte de tudo que desejamos, todos eles se tornarão fúteis se não houver a INICIATIVA, a VONTADE, a PERSISTÊNCIA... Afinal, todos estes substantivos só podem ser vistos no whatsapp, pois é lá que nos tornamos "fortes, inteligentes e perspicazes". Aliás, lá eu posso dizer tudo que eu QUERIA ser.
Observe que o verbo foi colocado no futuro do pretérito propositalmente, pois o QUERER depende de um estado de ação e não da inércia incessante presentes em ambientes virtuais. Enquanto toda a vontade ainda esteja sendo medida em megabytes, quem sabe, no futuro, teremos outro tipo de palavra para o que conhecemos sobre ela, hoje. Afinal, a língua evolui, assim como evoluem todas as demais coisas, inclusive a vontade de estar inerte (por enquanto esta é a melhor expressão encontrada). :(
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