Nunca se correu tanto como na atualidade.
O dia não é suficiente para tanta brutalidade;
e, assim, cresce, no âmago da alma, o mal-estar
de uma vida, inerte nas transformações almejadas,
agitada no segundo que, involuntariamente, precisa gastar.
No emaranhado das intermináveis labutas,
corre-se atrás da fortuna e da condução;
corre-se atrás das quimeras diminutas;
de um fio de vida que sustente um coração.
Desejam-se, enfim, as aspirações devolutas!
De que servem tantos recursos e preceitos,
se o homem não supera os reais defeitos
da coletividade externada pela fragilidade?
Vasto mar, mas se sucumbe na areia;
cada qual segue um rumo sem ver a tristeza alheia.
Olhos cansados acostumam com o não plausível.
Na transnacionalidade cultural do bem acessível,
não se pode aceitar tanto sonho destruído.
Nem todos correm atrás; à frente, há o ruído.
De madrugada ou em pleno dia, ato cometido irreversível.
Na dianteira, os pés gatunos seguem lépidos;
não há humanidade, pois se quer dinheiro alheio.
Viver ou morrer é brincadeira, um rotineiro meio.
Adrenalina em alta, pernas velozes, mãos atrozes.
Criança, velho, homem ou mulher, todos são méritos.
Conquistas vãs, de quem não quer correr atrás,
mas segue adiante na impunidade terráquea.
Até que, quem sabe, um dia, tudo vire paz.
Nas tumbas dos desejos oprimidos,
o ódio e a vingança sejam, pelo amor, suprimidos.
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