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Uma troca de carinho
Olidnéri Bello

Muito cedo, mas o suficiente para a vida reiniciar
àqueles que esperam o sol, no horizonte, despontar.
Alguns, sonolentos; muitos, apressados; poucos, pensativos;
todos com uma rota a seguir, mesmo que por rumos enjoativos.

Todos? Será que há como construir o caminho do dia vindouro?
Ninguém tem o futuro nas mãos, nem o sonho é imorredouro.
Naquela hora, mal despontava o dia, no ar nem cheiro de café existia,
apenas a brisa, ainda temperada da noite recém-extinta, resistia.

Pelas cidades, fornos, no aguardo da chama, esperando a massa do pão;
o padeiro, ainda correndo, para não perder a condução.
Os mais cansados não querendo acreditar na hora de levantar;
afinal, as escolas, as fábricas, as lojas e a catedral não vão aposentar.

O homem, sem o que fazer, parece perder o prumo e o rumo.
Em um leito de hospital, fazer o comum é suprassumo.
Lástima! Só na ausência é que se sentem as faltas,
por isso percorro meu caminho, faço da vida uma grande ribalta.

Os grandes espetáculos não são meus;
frustrações, dores, angústias, valha-me Deus!
O que importa é a cena do instante,
a vida que se expressa diante de minha visão atestante.

Foi assim que, nesse novo amanhecer,
algo me tocou profundo e fez minha ansiedade arrefecer.
De um lado da rua, eu povoada de inquietações por um novo dia,
do outro lado, o desconhecido sem aparente agonia.

Embora sujo, maltrapilho e, provavelmente, faminto,
dono de todas as posses – um saco com algum bem sucinto.
Dormiu? Na rua. Banhou-se? Não há rio por perto,
porém, com nobres sentimentos, tem o coração aberto.

Repugno qualquer aproximação; a visão que se tem dele
produz o medo preconceituoso e, “em terra de sapo de cócoras com ele”,
pois a violência impera a cada esquina e a todos se repele,
no entanto, o que vejo é muito mais que um toque de pele.

No outro lado da rua, antes dos dois transeuntes,
um gato branco e preto de belos olhos azuis anuentes.
Ao contrário do esperado, permaneceu o felino sentado na calçada,
para receber, do meu presumido ser violento, a carícia não disfarçada.

Quem sabe não foi a falta de carícia do mundo que diminuiu aquele homem?
Essa diminuição não abrange qualidades espirituais. Essas não somem.
Naquela troca de carícias, vi que os seres diminutos são os que se corroem
pela ganância e pela falta de afeto; com amor, até os amimais se comprazem.


Biografia:
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