Amor. São cinco letras cujo significado vai além daquilo que é palpável. Amor. É a certeza de que alguém se importa contigo. Amor. É saber compreender o outro e saber que é compreendido por esse.
Não exige idade, forma, gênero, classe social ou etnia. Não exige nada em troca senão a reciprocidade. O carinho e a segurança são passadas no toque, no olhar, nas palavras, nos longo e demorados beijos. Ser amado é uma dádiva e amar é tão gratificante que vicia.
Sim. Sou viciado em amor. Em todos os tipos de amor. É o meu maior vício. É minha maior fraqueza.E devia ser seu maior defeito também. O amor vai além dos defeitos, mas ainda assim é imperfeito. E mesmo com todas as minhas imperfeições você me amou. Um amor que se inicia quando falhamos e desistimos de ser perfeitos. Se for para eu poder te amar desisto de ser perfeito e te prometo falhar o melhor possível. Sempre.
Todos falam do amor como se fosse algo único. Algo que tivesse forma, número e endereço. Mas não é tão simples. Amar é arte. Amar exige esforço, empenho e trabalho. E hoje, mais do que nunca, é comparado a inúmeros outros sentimento que são menos complexos e de menor peso à raça humana. Falamos como se fosse algo simples e quando o fazemos menosprezamos o significado desse sentimento. Dizer “Eu te amo” é simples, mas pesar as conseqüências dessas três palavrinhas é quase divino. O impacto dessa frase deveria ser digno de uma estrondosa festa, com anjos e querubins tocando flautas e harpas, descendo do céu nesse momento.
O substantivo “amor” é exagerado, no bom sentido. Não é excessivo, mas digno de um exagero natural. É a prova de que nosso egoísmo é quebrado e nos colocamos a disposição de uma outra pessoa. Nos preocupamos com ela e nos permitimos deixar que aquele outro ser interfira em nossas vidas, faça parte da nossa história. Quando dizemos “eu te amo” abrimos a nossa própria existência à uma radical mudança. Tornamo-nos seres capazes de nos preocupar com outros, de se importar com outros. Tornamo-nos realmente humanos. Menos deuses, mais carne e osso.
Amar é se tornar mortal. É começar a perecer. É saber que, a partir de agora, podemos nos machucar. E feio. Caímos em queda livre com outra pessoa com apenas um paraquedas. Quando nos permitimos amar deixamos de ser apenas “eu” e passamos a ser “nós”. Temos de fazer concessões, agrados, carícias. Temos de ler aquele livro ou ver aquele filme chato. Fazemos. Não por obrigação. Mas por que sabemos que com aquela pessoa, qualquer coisa vale a pena.
Podemos nos ferir, às vezes. Podemos até sangrar, por causa do amor. Mas mesmo com todos os empecilhos suportamos. É que nem estar num barco à vela, sem motores. Ficamos à mercê da ventania. Ora favorável, ora desfavorável. Contudo jamais desistimos de continuar rumando de porto a porto, de costa a costa. E ao fim da viagem (ou da vida, se o leitor preferir), sabemos que não é o fim. Ficamos com as memórias e a certeza que cada segundo da jornada valeu a pena. Que superamos as tormentas, os furacões, os ventos contrários e que do dia a dia moldamos do nosso jeito aquelas memórias.
Suporta, o amor, até a morte. Se temos a incerteza de uma pós-vida, sabemos que, para aquele que fica, que demos o nosso melhor. Que nos esforçamos para que o amor valesse a pena ser vivido. Que demos a nossa própria essência para que desse certo. Tudo que queremos na vida é amar e ser amado. Que esse amor dê frutos para que um dia, quando a morte, de bom grado, ceifar nossa centelha vital, possamos ir com a certeza de que cada segundo valeu a pena ao lado de alguém especial. Por mais triste que seja a despedida, sabemos que restará apenas saudade. Sabemos que não haverá remorso, tristeza ou qualquer outro sentimento negativo. No fim, apenas as coisas boas ficam em nossos corações.
Elio Moratori Teixeira (25/12/2015)
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