Os desfiles de moda brasileiros andam sem criatividade e glamour. Um bom desfile deve carregar também harmonia e bom gosto nas suas coleções. Entendo que esteja faltando para alguns estilistas, atualmente, um equilíbrio entre o estilo retrô com o moderno nas suas criações. Observo muitos modelos inusitados com um estilo futurista sem ressaltar a beleza. A imagem feminina não pode ser deturpada ou distorcida.
O excesso de buracos nos vestidos de gala aponta para uma vulgaridade. Luvas de renda sem dedos para debutantes já está bem ultrapassado também. O exagero de transparência com rendas também não é viável nos vestidos. Desfile não é uma tendência; é uma produção de bom gosto e tem que causar emoção. Quando você senta para ver um desfile, ele tem que ser um belo espetáculo.
Desenvolver uma coleção não é somente juntar várias coisas diferentes no mesmo lugar, isso porque uma coleção geralmente conta uma história e tem uma temática central, os itens inseridos nela devem se complementar com elegância e sofisticação.
Não tenho visto mais nas passarelas roupas “usáveis” e charmosas com modelos com “carne”. Só vemos “ossos”. Não concordo com esta tendência de modelos magérrimas. Recentemente, o governo socialista da França, berço da moda, se pronunciou a favor de proibir por lei o recurso a modelos extremamente magras nos desfiles de moda, apesar das reticências das agências, que exigem que as modelos tenham um Índice de Massa Corporal (IMC) mínimo. Sou radicalmente contra a apologia à anorexia. Desfile deve ser prazeroso, com modelos com bom humor, saudáveis e felizes.
Milka Wolff
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Milka Wolff é estilista e curadora do Museu da Moda de Canela (RS)
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