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O poder da LICENÇA POÉTICA
Tânia Du Bois


“quem sabe quanto é estranho /riscar em linguagem // um amor que se quer significa: / apenas é, age?...”
          (Alberto Martins)

     O ponto de partida é o mesmo, tudo influencia o escritor a se inspirar e, assim, muitas vezes, usa da licença poética como recurso, assim em Benedito Cesar Silva: “Da métrica refeita, / Da rima imperfeita / Um bom papo com os amigos”.
     Licença poética nada mais é do que “a liberdade que toma o poeta, às vezes, de desprezar as normas da gramática para sacrificar a versificação”. Na literatura é utilizada como “adorno”, dando poder à palavra e significado à expressão, pois, nenhum escritor pode realizar seu potencial, sem ser livre.
     João Carlos Meireles Filho teve os olhos voltados para a sua obra Licença Poética – com ilustração de Arcângelo Ianelli – onde expõe nos poemas o seu pensamento em perspectivas que priorizam o momento em estilos diferentes, “... Um dia tanto escreveu / que uma árvore ali nascera. / Um pássaro fez um ninho / e um peixe um rego”.
     A diversidade beneficia o leitor levando-o a conhecer e discutir o significante poder na licença poética, e a trabalhar com questões do gênero, que cada um persiste num ponto misterioso como em Pedro Du Bois, no livro Palavras Desenhadas: ”Os olhos dizem / o que as palavras calam // os olhos / seguem o corpo / em retirada; a boca / balbucia / palavras / desconexas”; com a capa ilustrada por Eduardo Barbossa.
     Desejamos poder maior que o contido na licença poética? Ela trata a palavra no seu momento mais inspirado, no inteligente jogo entre significado e significante. Cada leitor sente o poder da palavra, e magicamente vivencia as emoções. Para Miguel Sanches Neto, “cada escritor cria seu dicionário próprio, apresenta-nos seu universo poético-ficcional”.
     É possível transformar a palavra, basta acreditar na inspiração e buscar o lado poético da vida. Palavras são destinadas ao dia a dia e, o escritor (principalmente o poeta) de alguma maneira as converte em algo mágico, levando o leitor a despertar para a vida na certeza de mudar a sua rotina, como em João Carlos Meirelles Filho, “... Poesias vão se juntando / num ninho de barro e água / restos de folha /estórias pra se contar / onde nada está errado...”.
     A licença poética cria a realidade até então inexistente, o que significa buscar o entendimento e manter o poder de nos tornarmos eternos através da admiração e paixão, que a poesia trabalha em seu estado de nomeação do mundo. Tenho convicção de que sentimos a beleza do poema antes de pensarmos a linguagem como sentida. Somos protagonistas das nossas histórias e a licença poética existe para traduzir a imaginação.
     Enquanto houver licença poética em movimento na literatura ela será lida e ouvida, sobrevivendo como arte para todos, como expressado por Meirelles Filho, “E eu termino aqui / o que não tem começo, / o que se faz em migalhas / para trespassar as grades / e fundir-se no ar / em forma de esperança...”.


Biografia:
Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e A Linguagem da Diferença.
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