Flore,
tua voz em mim,
da cor de teus cabelos:
raios de sol,
deslizando por tuas encostas...
só você gosta de me falar assim,
só você sabe como retirar de mim;
todo o néctar que recolhi.
Zumbe minhas veias,
pelo sangue que nelas percorre.
Injetadas asas bailam,
enquanto rompem a distância
que separam meu mel
do teu.
Qual Pan hediondo,
ó natura infame
me satisfaço dos teus sabores:
só teu perfume é assim.
Pouso,
no prado de teus olhos
crisálida que sou.
E me deixo
impregnar de teu pólen,
me desfazendo em mil ardores,
embriagado que ando
destes teus
ardis.
Quem poderá entender,
deste amor e desta cruz?
Toda abelha sob o céu
sabe o gozo
que senti.
Roma, 2002
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