São dois
os lados ocultos da paixão,
a insônia da alma e
este medo da ilusão.
São dois,
até que não pertençam
a um mesmo fim,
feito esta paixão
que arde em mim
e me devora e repousa
na tua ausência
silenciosa
e atroz.
Dois,
feito os braços expostos
desta cruz: um teorema régio,
este delicado sacrilégio
em que estamos juntos,
demasiados juntos
e não podemos ser
mais que uns.
Destes dois,
restam pois,
a promessa de tudo aquilo
que vem depois:
da alma,
o infinito ardor aprisionado
que se fez presente e queima livre
nesta fogueira ardente de paixão.
da ilusão,
a chama, por quem todos
os dois anseiam e se consomem
em nome de um único, intenso
e inesperado gesto clandestino
de amor.
Roma, 2015
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