Me sinto nu diante do televisor ligado
a jogar seu búzios viciados,
me sinto como um gomo de verde pecado
que procura o futuro dentro do passado,
a rir de qualquer coisa dita,
um salto acrobático,
uma poesia esquisita...
Na biografia da vida não consto,
sei que ela quer o que desaparece
de um jeito único e pronto,
o que escreve no pó os versos da carne,
o que desmonta seu esqueleto
e volta para o museu de Deus...
Diante do televisor ligado
vejo a fome dos cegos,
enxergo a faca do desejo
a fatiar o doce pecado,
de viver...
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