Ainda somos aqueles humanos
que colhiam flores no campo,
que em vastas filosofias faziam planos
e cuidavam dos que se perdiam, os insanos...
Ainda somos os que dizem bom-dia
àqueles que acreditam e leem poesias,
ainsa somos os que quase foram máquinas
e hoje praticam sentimentos em aulas práticas...
Ainda somos os que dão comida aos cães,
podam árvores para novas floradas,
falam bem de suas adoráveis mães,
acordam para o amor em altas madrugadas,
riem com os amigos nos botecos de quinta,
espiam as moças que passam quase sem nada,
os que velam, os que zelam, os que ainda
dizem com o olhar sem usar uma só palavra...
Ainsa somos os bobos pelo carro de última safra,
que dormem na varanda sob a lua que espia,
que recebe a notícia e com ela quase se engasga,
no colo, semiaberto, o velho livro de poesia...
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