Queria esquecer as palavras de vários sentidos,
aquelas que trancam pessoas em tristes celas,
outras que se tornam ferozes cacos de vidro,
ainda aquelas que são ferrolhos de janelas,
palavras perdidas nos olhos dos perdidos,
mesmo que de amor, mesmo que belas...
Queria esquecer as palavras vindas do cimento,
que cobrem florestas e plantas nos jardins,
que se cobrem de tinta e sem nada por dentro
espiam ocres cores na areia e no aipim,
palavras sem asas mas que voam no vento
e não estão em você e nem em mim...
Queria só me lembrar daquelas palavras peludas
como cobertor, veludo, lã, ah como eu queria
me lembrar das palavras tão doces e curtas
como a mais bela que conheço chamada poesia...
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