Assim, sigo o rio e suas corredeiras,
dia após dia mergulhado no ofício de ser
o que nunca saberei de forma inteira,
espiando o que desaparece e pode aparecer
de novo como nova novíssima novidade,
transmutação das coisas do sem ser
às que são inteiras em suas verdades...
Sigo amando desajeitadamente
as pessoas que param ou não,
as que correm desesperadamente
em busca do que não são,
viver do bronze da insuficiência,
do ouro da ilusão...
Amo por que amar não tem valor de mercado,
aliás, amar não é pecado,
não me dá bônus e nem me livra da chuva,
não me dá direito a mandar no Estado
e nem de viver de doces uvas...
Depois que alguém se vai,
é aí que alguém chega e procura o barco
da partida, abandonado,
na beira do cais...
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