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Somos diferentes, e dai?
Rejane Boeira

Somos diferentes, e daí?

Eu sou branca, você é preto. Sou baixa, você é alta. Gosto do cinza e você prefere o amarelo. Vou pela esquerda e você segue à direita. E daí? Quem é certo e quem está errado? Ninguém. Nem eu nem você. O problema não está em possuir gostos diferentes ou visões contrárias sobre um mesmo assunto. O grande X da questão é a não-aceitação das diferenças.

O mundo moderno-globalizado de hoje, principalmente com o advento da internet e a rapidez com que opiniões são expressadas e difundidas através das redes sociais, tornou-se o catalizador desta torrente de hostilidade e exasperação. Assegurados pelo sagrado direito da liberdade de expressão, amigos de longas datas estão rompendo laços, comunidades entrando em conflito, guerras se propagando aqui e ali. Tudo por causa da pouca habilidade em aceitar as diferenças. “Se não pensa como eu, está contra mim”, é a atual palavra de ordem.

Esta forma de conduta ocorre nos mais diferentes segmentos sociais. Seja na política, no esporte e na religião, o mundo parece ter enloquecido por causa da necessidade de provar seu ponto de vista.

Todos querem ter razão. É difícil ver alguém admitir que esta errado ou assumir que o outro pode estar certo, se este tiver ponto de vista ou ideologia divergente. Assim, esqueçe-se de um detalhe muito importante: estamos todos no mesmo barco, remando na mesma direção. No frigir dos ovos, iremos todos para o mesmo caminho, sejamos iguais ou diferentes.

Ninguém quer arredar o pé, todos precisam defender sua opinião, haja o que houver, doa a quem doer. E o respeito, que deveria pautar qualquer discussão, acaba por vezes indo pro espaço. A palavra, principalmente a escrita, tem um poder gigantesco de fazer e desfazer, dependendo de como for interpretada. Além do que, quando impressa, ganha poder como verdade absoluta.

Quase sem perceber, o mundo democrático está promovendo mais discórdias do que união. É irônico, pois a ideia era integrar e não separar. A facilidade da comunicação virtual hoje dá a liberdade de usar a palavra com mais segurança, e consequentemente, mais descuidadamente. Essa “liberdade de expressão” por vezes ultrapassa as barreiras invisíveis do bom senso. O desrespeito e a agressividade passam a ser banalizados e aceitos como norma de comportamento.

Alguém vai dizer que estou sendo exagerada e que isto é parte da evolução democrática. Pode ser. Exageros à parte, o que se vê é a escalada da intolerâcia e a falta de paciência de tentar compreender o outro, de procurar algo de bom ou sensato na exposição da idéia contrária.

Quem perde com isso? Nós, que fazemos parte do estado, centro e razão de uma sociedade existir. O que é preciso entender é que não existe 100% certo nem 100% errado. Nada é totalmente bom ou totalmente ruim. Mesmo nas ideias mais controversas, pode haver algo de aproveitável. Basta estar disposto a ver. Olhar com desprendimento, sem pré-conceitos, de cabeça aberta.

Se cada um aceitasse a verdade do outro, com suas limitações, erros e dissonâncias, não tenho dúvidas de que encontraríamos o equilíbrio necessário para conviver dentro do grande grupo social. Com respeito, liberdade e diferenças.


Biografia:
Jornalista/tradutora, que gosta de escrever sobre coisas que chamam a atencao, como vida e seus aspectos filosoficos, educacionais, emocionais e tudo o que diz respeito ao ser humano.
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