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Sacrifício
Pandora Agabo

Resumo:
Trecho de um romance que está em andamento.

Rita estava suada quando se deitou ao lado de Danilo. Ofegante, puxou o lençol até a altura do busto e tentou controlar a respiração. Danilo também parecia cansado, mas nem um pouco preocupado em cobrir-se com o lençol. O calor estava insuportável.

— Você gostou?

Rita odiava quando ele fazia esse tipo de pergunta.

— Sim. - e respirou fundo.

— Foi melhor que da última vez, né?

— Sem comparação.

O bom é que era verdade.

— Pelos meus cálculos, da próxima vez vai ser ainda melhor. - sua voz rouca quase não saiu por ele estar sussurrando, mas a sua risada o incentivou a continuar falando... Cantarolando, melhor dizendo - "Ela não é do tipo de mulher que se entrega na primeira, mas melhora na segunda e perde a linha na terceira". - e continuou rindo, como se não tivesse sido ofensivo.

Rita não entendia como que ele podia fazer isso. Como ele pode ofendê-la em tom de brincadeira e achar que tudo bem. Ta certo, parte disso é culpa sua, porque ela riu em muitas dessas vezes. Mas não, isso teria de acabar. Agora ela faria o que é certo.

— Não acho que vai ter próxima vez.

— Como assim?

— Acho melhor pararmos com isso.

— E por quê? Agora que a coisa ta ficando boa. - e ele se deitou de lado, acariciando seu seio esquerdo e nem um pouco preocupado, porque não era a primeira vez que Rita tentava cessar o contato sexual entre eles.

— Tem outra pessoa. - Rita mentiu.

— Que?

— E com ele eu tenho a chance de que dê certo.

— Sério? - ele estava surpreso e, principalmente, curioso - Eu conheço?

— Não. - e nem teria como, essa pessoa não existe.

— Qual é o nome dele?

— Não interessa. O fato é que existe esse outro cara e... Eu não posso vacilar.

— Vocês já ficaram?

— Não.

— Nossa! Você vai abrir mão de mim por um cara que você sequer beijou?

— Abrir mão é a minha especialidade. É o que mais faço pelas pessoas que eu julgo importantes.

Essa afirmação o deixou pensativo por alguns segundos e então ele tomou coragem para perguntar:

— Você abriu mão por mim alguma vez?

— Foi só o que eu fiz, Danilo. Por você, sacrifiquei as coisas mais importantes que eu tinha.

— O que?

— O meu orgulho, o meu amor próprio.

— Ah, para... - ele achou que Rita estava brincando.

— Parar por quê? Não é novidade que eu me humilhei inúmeras vezes por você, tanto, que eu to aqui, agora. A coisa é tão séria, que eu não fui capaz de fazer um sacrifício pela pessoa que deveria ser a mais importante da minha vida, simplesmente porque o meu amor próprio já não existe mais.

Ele entendeu o que Rita quis dizer e sussurrou:

— Pesado...

— Por isso vou fazer isso por outra pessoa.

— "Isso" o que?

— Sacrificar você.


Este texto é administrado por: Sabrina Queiroz
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