Morre mais um anônimo...
A carcaça de um cão decompõe-se junto à sarjeta...
Vadias e vagabundos olham para cima, aguardando a chuva que se aproxima...
Crianças perambulam nas cercanias do matadouro fétido...
Rostos sem identidade vislumbram o corpo caído no chão...
Enquanto sirenes barulhentas rasgam o silêncio barulhento da noite escura.
Bares sujos arrastam suas mesas para o meio da rua. Enquanto bêbados desocupados e prostitutas da noite, dançam freneticamente.
O barulho da música é ensurdecedor. Saídos de auto-falantes engordurados e rachados...
Vozes esganiçadas deixam claro o sotaque nordestino...
O lixo amontoa-se nas calçadas...
Um verdadeiro paraíso de cantores de forró desconhecidos...
Letras que exaltam a obscenidade...
O escracho da sociedade.
À noite, atrai todo o lixo da sociedade: desde o lixo que transborda das lixeiras, como o que transborda dos carros...
Pessoas sem perspectiva... Sem futuro...
Pessoas para as quais, o amanhã, será apenas ressaca, falta ao trabalho, pílula do dia seguinte e consciência pesada.
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