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PROJETO DE PESQUISA: HIPERATIVIDADE
HIPERATIVIDADE
Ismael Monteiro

Resumo:
Discute a importância da hiperatividade nas crianças.

PROJETO DE PESQUISA: HIPERATIVIDADE

1 TEMA

     A hiperatividade, ou mais comumente chamada de desordem do déficit de atenção, pode afetar crianças, adolescentes e até adultos. O estado do hiperativo é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Há várias causas que se relacionam à hiperatividade, como: falta de atenção, impulsividade, instalabilidade emocional e hiperativa incontrolável da criança. O comportamento hiperativo pode estar relacionado a uma perda de visão ou audição, a um problema de comunicação, como a incapacidade de processar símbolos ou idéias que surgem, estresse emocional, distúrbios do sono, dentre outros.
     
2 PROBLEMATIZAÇÃO

     Os problemas que giram em torno da criança hiperativa são muitos. Essas crianças, além de falar muito, têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Por causa de sua impulsividade, os hiperativos discutem com os pais, professores, adultos e seus amigos.
     Geralmente seu humor flutua rapidamente. Um dos comprometimentos mais importantes das crianças hiperativas se refere ao rendimento acadêmico e comportamental, ou seja, por causa de seu estado impulsivo, elas acabam tendo péssimo desempenho na escola.
     Numa sala de aula, o hiperativo pode dispersar a atenção da turma devido ao seu comportamento irrequieto, exigindo do professor uma atenção especial, muitas vezes dificultada pelo excesso de alunos sob sua responsabilidade.
     Por sua vez, muitos professores estão despreparados para lidar com o hiperativo, o que pode inibir uma aprendizagem mais eficaz por parte deste tipo de aluno, já que o mesmo necessita de estímulos especiais capazes e prender sua atenção.
     O transtorno que pode ocorrer com os alunos hiperativos são muitos. Eles constantemente se mexem na cadeira, balançam os pés e as mãos constantemente, abandonam a cadeira quando se esperava que permanecessem sentados, correm, metem-se ou interrompem as atividades dos outros e têm dificuldades de esperar a sua vez.
     O trabalho do psicopedagogo, comumente conhecido como aquele que atende às crianças com dificuldade de aprendizagem, no caso específico dos hiperativos, deve ser o de avaliar as condições de aprendizagem destes alunos, conhecer as causas do insucesso de aprendizagem e propor alternativas de tratamento.
     Em razão destes aspectos, questiona-se: “Qual é o olhar que o psiopedagogo estabelece sobre o fenômeno da hiperatividade?”

3 JUSTIFICATIVA

     A razão de ser da pesquisa a ser realizada foi que, tendo em vista o crescente número de crianças hiperativas em sala de aula e a problemática sofrida pelo professor, acredita-se na possibilidade de minimizar tais dificuldades decorrentes da relação professor-aluno, desde que o mesmo possa ter um conhecimento amplo sobre o assunto e as alternativas de tratamento adequadas.
     Por sua vez, uma ação didática-pedagógica mais envolvente na qual seja valorizada a afetivdiade, pode ser possível contornar os problemas da aprendizagem e de comportamento do hiperativo.
     Através dos estudos específicos a serem obtidos na futura pesquisa, busca-se propiciar aos professores e pais, os suportes necessários para conduzir da melhor forma a convivência escolar, familiar e o entrosamento do hiperativo na sociedade.


4 OBJETIVOS

4.1 GERAL

     - Analisar as principais alternativas de tratamento da criança hiperativa.
     


4.2 ESPECÍFICOS

-     Conhecer o papel da Psicopedagogia frente aos problemas da aprendizagem como a hiperatividade.
-     Identificar as principais características da hiperatividade.
-     Analisar os métodos de diagnóstico do aluno hiperativo.

5 REVISÃO DE LITERATURA

     A Psicopedagogia é um campo de conhecimento e atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana.      Scoz (1994, p. 23) complementa: “o objetivo da psicopedagogia é resgatar uma visão mais globalizante do processo de aprendizagem e, conseqüentemente, dos problemas decorrentes desse processo”.
          Na escola, o papel do psicopedagogo deve ser pensado a partir da instituição escolar que cumpre uma função social muito importante: a de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de conduta, dentro de um processo mais amplo.
     No seu campo de atuação, os psicopedagogos devem seguir certos princípios éticos que estão condensados no Código de Ética, devidamente aprovado em 19 de julho de 1996, na Assembléia Geral do III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp, que em seus vinte artigos regulamenta, dentre outras coisas, as seguintes situações:
-     Os princípios da Psicopedagogia;
-     As responsabilidades dos psicopedagogos;
-     As relações com outras profissões;
-     O sigilo;
-     As publicações científicas;
-     A publicidade profissional;
-     Os honorários;
-     As relações com a Educação e Saúde;
-     A observância e cumprimento do Código de Ética.
     Dentre seus artigos, o Artigo 2º, assim reza: “A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios” (ABPP, 2006).
          Na escola, o psicopedagogo pode ser visto fazendo parte de uma equipe interdisciplinar que é o campo de discussão da problemática docente, discente e administrativa. (CAVICCHIA, 1996, p. 197).
     A psicopedagogia no âmbito da sua atuação preventiva, preocupa-se especialmente com a escola, dedicando-se às áreas relacionadas ao planejamento educacional e ao assessoramento pedagógico, colabora com os planos educacionais e sanitários, no âmbito das organizações, atuando numa modalidade cujo caráter é clínico, ou seja, realizando diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes.
     Para a avaliação psicopedagógica, Novaes (2006) elenca algumas atividades que o psicopedagogo deve realizar, que são:
-      escrita livre e dirigida, visando avaliar a grafia, ortografia e produção textual (forma e conteúdo);
-        leitura (decodificação e compreensão);
-      provas de avaliação do nível de pensamento e outras funções cognitivas;
-      cálculos;
-      jogos simbólicos e jogos com regras;
-      desenhos e análise do grafismo.
     A análise do sujeito através de correntes distintas do pensamento psicológico concebeu uma proposta de diagnóstico, de processo corretor e de prevenção, dando origem ao método clínico psicopedagógico. “... quando se fala de psicopedagogia clínica, se está fazendo referência a um método com o qual se tenta conduzir à aprendizagem e não a uma corrente teórica ou escola. Em concordância com o método clínico podem-se utilizar diferentes enfoques teóricos, como a epistemologia convergente” (VISCA, 1987, p. 16).
     O mesmo Visca (1995), afirma que a epistemologia convergente caracteriza-se por ser uma visão integradora do conhecimento e se inicia a partir do momento em que cientistas abandonam sua linha de pensamento, como a única possibilidade de compreender o mundo e penetrar no conhecimento de outras linhas, percebendo a relatividade das descrições e explicações de distintas correntes de pensamento.
     A psicopedagogia clínica tem como missão, retirar as pessoas da sua condição inadequada de aprendizagem, dotando-as de sentimentos de alta auto-estima, fazendo-as perceber suas potencialidades, recuperando desta forma, seus processos internos de apreensão de uma realidade, nos aspectos: cognitivo, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos. O aspecto clínico pode ser realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas Psicopedagógicas e as atividades ocorrem geralmente de forma individual (SCHROEDER, 2006).
     Para Fini et al. (1996) o psicopedagogo deve impulsionar o trabalho cooperativo de professores e demais profissionais da escola, contribuindo para uma maior eficiência, participando com todos na análise e discussão de situações e casos especiais.
     Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não têm como causa apenas deficiências do aluno, mas que são conseqüências de problemas escolares, tais como: a organização da instituição, dos métodos de ensino, da relação professor-aluno, da linguagem do professor, entre outros.
     Muitos profissionais engajados no campo da psicopedagogia têm atentado para a necessidade do trabalho a ser realizado na instituição escolar. Pensar a escola, a luz da psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade. O nível de intervenção do psicopedagogo na escola vai variar em função da continuidade. Sendo mais contínuo, ele poderá atuar preventivamente junto aos professores e técnicos de vários modos, como:
a)     explicitando sobre habilidades, conceitos e princípios que são pré-requisitos para as aprendizagens e auxiliando para que as situações de ensino sejam organizadas de acordo com o desenvolvimento;
b)     participando da equipe de currículo e auxiliando a determinar prioridades em relação aos objetivos educacionais;
c)     atuando como integrador, ou seja, como um elo entre os profissionais da escola diretamente envolvidos com o processo de ensino-aprendizagem.
     Weiss (1995) afirma em relação ao que se entende por psicopedagogia na escola, observa-se que ela adota a posição de considerá-lo como uma atividade educacional em que se busca a melhoria da qualidade na construção da aprendizagem de alunos e educadores. Como relata a autora, a psicopedagogia busca dar ao professor e ao aluno, um nível de autonomia na busca do conhecimento e, ao mesmo tempo, possibilitando-lhes uma postura crítica em relação à estrutura da escola e da sociedade que ela representa.
     No caso específico da psicopedagogia clínica, Bossa (2000) lembra que o trabalho do psicopedagogo se constitui em:
-      avaliar e diagnosticar as condições da aprendizagem, identificando as áreas de competência e de insucesso do aprendente. No diagnóstico clínico, ademais de entrevistas e anamnese, utilizam-se provas psicomotoras, provas de linguagem, provas de nível mental, provas pedagógicas, provas de percepção, provas projectivas e outras, conforme o referencial teórico adotado pelo profissional;
-        realizar devolutivas para os pais ou responsáveis, para a escola e para o aprendente;
-      atender o aprendente, estabelecendo um processo corretor psicopedagógico com o objetivo de superar as dificuldades encontradas na avaliação;
-        orientar os pais quanto às suas atitudes para com seus filhos, bem como professores para com seus alunos;
-      pesquisar e conhecer a etiologia ou a patologia do aprendente, com profundidade.
     Por sua vez, o psicopedagogo clínico deve ser um profissional que tenha conhecimentos multidisciplinares, pois em um processo de avaliação diagnóstica, é necessário estabelecer e interpretar dados em várias áreas, dentre elas: auditiva e visual, motora, intelectual, cognitiva, acadêmica e emocional. O conhecimento dessas áreas fará com que o profissional compreenda o quadro diagnóstico do aprendente e favorecerá a escolha da metodologia mais adequada, ou seja, o processo corretor, com vistas à superação das inadequações do aprendente.
     Em relação ao diagnóstico, Novaes (2006) revela que a meta do diagnóstico psicopedagógico é investigar o processo de aprendizagem do indivíduo e seu modo de aprender, identificar áreas de competência e limitações, visando entender as origens das dificuldades e/ou distúrbio de aprendizagem apresentado. O psicopedagogo poderá necessitar do auxílio de outros profissionais, como o neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo para aprofundar tal investigação.
     Preocupados com um modelo teórico que dê unidade ao processo de aprendizagem e aos problemas dele decorrentes, Visca (1995) e Pain (1989), ocuparam-se particularmente, das relações entre inteligência e afetividade. Eles dimensionaram um processo de aprendizagem, levando em conta a interferência de aspectos biológicos, cognitivos, emocionais e sociais.
     Visca (1995) concebe a aprendizagem como uma construção intrapsíquica, com continuidade genética e diferenças evolutivas, resultantes das pré-condições energético-estruturais do sujeito e das circunstâncias do meio.
     Para Pain (1985) a aprendizagem depende da articulação de fatores internos e externos ao sujeito. Os fatores internos referem-se ao funcionamento do corpo, considerado como um instrumento responsável pelos automatismos, coordenações e articulações. Os fatores externos são aqueles que circundam o indivíduo. Para esta autora, os processos de aprendizagem são considerados um estado particular de um sistema que, para equilibrar-se, precisou adotar um determinado tipo de comportamento que determina o não aprender e que cumpre uma função positiva.
     Quando não existe o equilíbrio entre os fatores internos e externos, podem ocorrer os problemas de aprendizagem. Esses problemas podem caracterizar-se como as situações difíceis enfrentadas pela criança, com desvio do quadro normal. José e Coelho (1991, p. 23) elencam alguns fatores que podem desencadear um problema ou distúrbio de aprendizagem. São considerados fundamentais:
     
a)     fatores orgânicos: saúde física, deficiente, falta de integridade neurológica (sistema nervoso doentio), alimentação inadequada, etc.;
b)     fatores psicológicos: inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à realidade, sentimento generalizado de rejeição, etc.;
c)     fatores ambientais: o tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de comunicação, etc..


     E não são só estes problemas. A gama de subdivisões que cada um pode conter é enorme. O professor deve estar atento ao aluno, para evitar que seus valores não o impeçam de auxiliar a criança, justamente quando ela mais precisa. “A criança é um todo e, quando apresenta dificuldades de aprendizagem, precisa ser avaliada em seus vários aspectos” (JOSÉ e COELHO, 1991, p. 24).
     Para Barbosa (2001, p. 56) “o obstáculo não está somente dentro do indivíduo e nem é construído somente pelo meio; ele aparece na relação entre os principais protagonistas do processo de ensino e da aprendizagem (aquele que ensina, aquele que aprende e o objeto do conhecimento).”
          Dentre os problemas de aprendizagem, o que tem chamado a atenção no mundo da educação é a hiperatividade, que tem sido uma preocupação constante de especialistas em educação e temas pertinentes de debates, teses, seminários, dentre outros.
     Mas o que é hiperatividade? Coll et al. (1995, p. 160), definem a hiperatividade como “um dos distúrbios do comportamento mais freqüentes na idade pré-escolar e escolar, caracterizado por um nível de atividade motora excessivo e crônico, déficit de atenção e falta de autocontrole”.
     O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) “é definido por características comportamentáveis observáveis que incluem uma duração curta da atenção, distração fácil, impulsividade e hiperatividade”, conforme Antoniuk (2002, p. 5).
     Farias (2002, p. 8) apresenta as características do TDAH:

O Transtorno de Déficit de Atenção-Hiperatividade (TDAH) caracteriza-se por um um perfil de Atenção impróprio para idade (curta duração da atenção, distração fácil) associado ou não, a Hiperatividade e Impulsividade. O transtorno começa a evidenciar-se durante os primeiros anos de vida e continua durante a adolescência e idade adulta, ainda que, as manifestações clínicas modificam-se ao longo da vida.

          O comportamento hiperativo pode estar relacionado a uma perda da visão ou audição, a um problema de comunicação, como a incapacidade de processar adequadamente os símbolos e idéias que surgem, estresse emocional, convulsões ou distúrbios do sono.
     Para Coll et al. (1995) o surgimento do distúrbio hiperativo pressupõe interações problemáticas no ambiente familiar. Neste sentido, os pais sentem-se impotentes diante da atividade exagerada da criança e suas condutas opositoras. O temor em relação às possíveis conseqüências negativas do comportamento da criança pode levar ao isolamento social da mesma.
     Wajnsztejn (2002, p. 40) revela que o Transtorno de Aprendizagem e Hiperatividade (TDAH) é:

Um problema de saúde mental que tem duas características básicas: a desatenção e a “agitação” (ou hiperatividade/impulsividade). Esse transtorno tem um grande impacto na vida da criança ou do adolescente e das pessoas com as quais convive (amigos, pais e professores). Pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como a um baixo desempenho escolar, onde muitas vezes é acompanhado de outros problemas de saúde mental.

     Coll et al. (1995) elencam algumas características da hiperatividade. A primeira delas é o déficit de atenção que é um sintomas definidores da hiperatividade. A persistência e estabilidade dos problemas de atenção proporcionam um valor primário e discriminativo a este sintoma, frente a outros, como atividade motora excessiva, que embora caracterize o distúrbio hiperativo, tende a desaparecer com o tempo.
     Outra característica é a atividade motora excessiva que manifesta-se através de dificuldades tanto em nível de motricidade grossa (como as dificuldades de coordenação visual-manual), observando-se com freqüência, movimentos involuntários dos dedos que interferem na realização de certas tarefas.
     Mais uma característica é a falta de controle. Este processo encontra-se alterado nas crianças hiperativas, de forma que a conduta impulsiva seja um dos aspectos relevantes do distúrbio, observando-se uma tendência à satisfação imediata de seus desejos e pouca tolerância à frustração.
     O comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança. O ZIP (2006, p. 2) apresenta outras características do comportamento da criança hiperativa:
     
As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. As crianças hiperativas estão sempre em movimento sempre fazendo algo e são incapazes de ficar quietas. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido à sua energia, curiosidade e necessidade de explorar surpreendentes e aparentemente infinitas, são propensas a se machucar e a quebrar e danificar coisas. As crianças hiperativas toleram pouco as frustrações. Elas discutem com os pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente. Essas crianças também tendem a ser muito agarradas às pessoas. Precisam de muita atenção e tranqüilização. É importante para os pais perceberem que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções e expectativas sociais. O problema é que elas têm dificuldade em obedecê-las. Esses comportamentos são acidentes e não propositais.


     Como se observa a criança hiperativa pode ter muitos problemas. Bromberg (2002) acredita que a maneira mais eficiente de tratar os alunos hiperativos é o trabalho multidisciplinar, que deve começar com a psicoeducação dos pais. Neste sentido, os pais precisam se informar o melhor possível sobre o transtorno em si e as estratégias que ajudam a minimizar os problemas acarretados por ele, para que possam orientar o filho hiperativo, e fazer as acomodações necessárias no âmbito familiar e colaborar com a escola e os terapeutas para o tratamento clínico.
     O mesmo autor (2002) deixa claro que não é fácil ser pai ou mãe de uma criança hiperativa e por isso, esse problema se constitui num verdadeiro desafio. Outrossim, isso pode trazer enormes oportunidades de aperfeiçoamento pessoal e realização.
     Quanto às implicações educacionais da criança hiperativa, Coll et al. (1995) faz um retrospecto sobre isso. Primeiramente, o professor deve ter o conhecimento do tipo de problema específico subjacente ao distúrbio da hiperatividade, para que possa oferecer uma resposta adequada às necessidades desta criança. Os programas individualizados de treinamento do autocontrole também são úteis, pois fazem com que a criança aprenda a regular sua conduta de forma eficaz. Além desses programas, há necessidade de uma seleção adequada dos estímulos relevantes para a realização de tarefas pelas crianças hiperativas. Outros fatores foram elencados, como: o controle dos elementos externos, tanto físicos como humanos, o auxílio instrucional por parte do adulto ou colegas, são algumas das considerações que devem ser levadas em consideração. Também deve-se ter uma graduação correta do trabalho, evitando grandes saltos de problemas fáceis a muito difíceis, e a introdução de auxílios externos necessários em situações ou problemas novos.
     Bromberg (2002) esclarece que é preciso garantir uma comunicação freqüente entre escola e família sobre o aluno hiperativo, lembrando que esta comunicação deve ser feita com bom senso, no sentido da cooperação e não da cobrança e da rivalidade.
     O mesmo autor (2002, p. 14) reforça esta idéia, alegando: “O sucesso escolar de portadores de TDAH exige uma combinação de intervenções terapêuticas, cognitivas e de acompanhamento. Com esse apoio, a maioria pode, perfeitamente, acompanhar classes regulares”.
     A presença da hiperatividade na criança pode ser percebida, segundo Fortuna (2004, p. 6), quando a mesma apresentar alguma das seguintes características:
               
–     Trocam de brinquedo e/ou atividade com muita freqüência pois não se satisfazem com nenhum.
–     Não permanecem sentadas à mesa durante as refeições.
–     Não possuem noção do perigo e precisam ser vigiadas com freqüência.
–     Ao brincar não conseguem se fixar, durante algum tempo na mesma atividade pois perdem rapidamente o interesse e procuram uma nova atividade.
–     Conversam muito, mudando de um assunto para outro rapidamente, mesmo antes de concluir o assunto anterior.
–     São extremamente desatentas, não conseguindo fixar o foco de atenção, qualquer estímulo é suficiente para desviá-la do foco inicial.
–     São desorganizadas nas atividades da vida diária e pessoal.
–     Não conseguem finalizar tarefas.


     A gama de características não se encerra somente com estas citações, pois a hiperatividade pode envolver vários fatores e dentre eles, os fatores psicológicos, genéticos ou orgânicos. O conhecimento e o tratamento adequado destes casos, pode diminuir o insucesso escolar dessas crianças.
     Com relação ao tratamento, Antoniuk (2002) recomenda que o mesmo envolve uma abordagem múltipla abrangendo medidas psicossociais e psicofarmacológicas. A primeira deve ser com a família, que deve conhecer e ser informada a respeito do TDAH. Neste sentido, as famílias devem procurar ensinar os hiperativos a se organizarem, a estudarem em ambientes com poucos estímulos ou entendê-los quando quiserem estudar com música, em pé, ou andando. A psicofarmacologia deve estar associada à medicamentos, principalmente os estimulantes.
     Quanto ao tratamento, o ZIP (2006, p. 5) recomenda algumas medidas que devem ser tomadas, elencadas em resumo, a seguir:
a)     antes do tratamento, deve ser feito um exame físico no hiperativo para que a verificação de infecções, sinusite, problemas visuais e auditivos ou outros problemas neurológicos;
b)     o uso de estimulantes, como o metilfenidato pode ser receitado para a hiperatividade, pois acalma o sistema nervoso e aumenta a capacidade da criança em prestar atenção. Contudo, é preciso verificar com o médico todos os riscos deste medicamento;
c)     pode ser utilizada também, a tioridazina, um tranqüilizante recomendado para crianças extremamente agressivas;
d)     devem ser eliminados alimentos que contenham corantes, flavorizantes, adoçantes e conservantes, relacionados com benzoatos, nitratos e sulfitos;
e)     pode ser utilizado um suplemento líquido de cálcio e magnésio, que é calmante para o sistema nervoso, mas deve ser eliminado os conservantes e o açúcar da dieta do hiperativo. A colina pode ser recomendada à criança que tiver quatorze anos ou mais, pois melhora a atenção e a memória. Um suplemento líquido do complexo B é importante para as crianças hiperativas, pois a relaxar o sistema nervoso estressado e melhora o funcionamento mental e a concentração;
f)     pode ser recomendado um tratamento fitoterápico à base de ervas. O chá de camolina é um relaxante bastante indicado. Pode ser indicado também o bupleuro, que é uma fórmula fitoterápica chinesa que relaxa o sistema nervoso e pode ajudar a aliviar o estresse;
g)     o tratamento homeopático pode ser indicado para ajudar a aliviar os sintomas da hiperatividade. O calcarea phosphorica 9ch é indicado para crianças endiabradas do sexo masculino. O Lycopodium 9ch é indicado para a criança que está mais cansada, mais inquieta e irritada.
     Embora essas medicações sejam importantes, é importante antes de tomar qualquer decisão fazer um diagnóstico da hiperatividade. Antoniuk (2002) recomenda que deve ser feita uma anamnese detalhada, um exame físico abrangente, uma avaliação funcional do neurodesenvolvimento e a realização de exames que objetivam uma avaliação funcional do rendimento pedagógico e comportamental. Muitos pesquisadores e muitos clínicos empregam a estrutura elaborada no Manual Diagnóstico e Estatístico-IV (DSM-IV) como base de sua abordagem diagnóstica, embora ele tenha limitações. Os critérios de diagnóstico incluem uma lista de comportamentos e características que estão relacionados com a hiperatividade e são:
a)     agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;
b)     sai do seu lugar na sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
c)      corre ao redor de móveis ou os escala em demasia, em situações inadequadas (em adolescentes e adultos, pode ser sensação subjetiva de inquietude e impaciência;
d)     com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer;
e)     está sempre em movimento, ou age como se “estivesse ligado a um motorzinho” ou, “a mil” ou a “todo vapor”;
f)     freqüentemente fala excessivamente.
     

6 METODOLOGIA

     Para buscar respostas aos problemas levantados, a metodologia a ser utilizada consiste na Análise de Conteúdo, onde vários livros serão consultados, bem como sites da Internet, artigos de revistas especializadas que tratem da criança hiperativa.
     Triviños (1987) assina três etapas básicas do trabalho com a análise de conteúdo:
a)     pré-análise: que consiste na organização do material;
b)     descrição analítica: fase em que o material é submetido a um estudo aprofundado, orientado pelos referenciais teóricos;
c)     interpretação referencial: com base nos referenciais teóricos serão estabelecidas relações através da reflexão e interpretação da realidade da criança hiperativa, chegando se possível, a sugestões de alternativas de tratamento.






7 REFERÊNCIAS

ABPP – Associação Brasileira de Psicopedagogia. Código de ética e o projeto de lei de regulamentação da profissão do psicopedagogo. Disponível em: <www.abpp.com.br.> Acesso em 23/set/2006.

ANTONIUK, Sérgio Antonio. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade Conceitos e Dilemas. Jornal Paranaense de Pediatria, vol. 3, n. 1, 2002.

BARBOSA, Laura Monte Serrat. A psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba, PR: Expoente, 2001.

BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

BROMBERG, Maria Cristina. Aspectos relevantes do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Jornal Paranaense de Pediatria, vol. 3, n. 1, 2002.

CAVICCHIA, D. de C. et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.

COLL, César; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1995.

FARIAS, Antonio Carlos de. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – Abordagem neurobiológica. Jornal Paranaense de Pediatria. Vol. 3, n. 1, 2002.

FINI, L.D. et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.

FORTUNA, Sandra. Hiperatividade. Escola: prazer ou terror? Disponível em http://www.acessa.com/viver/arquivo/dicas/2003/01/30-Sandra/. Acesso em 8/dez/2006.

JOSÉ, Elisabete da Assunção e COELHO, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. São Paulo: Ática, 1991.

NOVAES, Maria Alice. Psicopedagogia clínica. Disponível em www.planejamento.com.br/area_psicopedagogia.htm Acesso em 8/dez/2006.

PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

POLITY, Elisabeth. Ensinando a ensinar: educação com afeto. 2 ed. São Paulo: Vetor Editora Psicopedagógica, 2003.

SCHOROEDER, Margaret Maria. A Psicopedagogia. Disponível em www.tuiuti.com.br Acesso em 08/dez/2006.

SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

_____. Psicopedagogia: novas contribuições. São Paulo: Nova Fronteira, 1995.

WAJNSZTEJN, Rubens. A hiperatividade e a desatenção como causas do insucesso escolar nas escolas normais e especiais. Temas em educação I. Curitiba, PR: Futura Eventos, 2002.

WEISS, Maria L.L. Psicopedagogia clínica. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.

ZIP – Saúde Informações. O que é a hiperatividade? Disponível em http://www.saudeinformacoes.com.br/bebe_hiperatividade.asp Acesso em 8/dez/2006.











Biografia:
Sou pesquisador científico há vários anos e possuo conhecimento sobre diversas áreas.
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