Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A Morte e o garoto
Roberto Betini Junior

Ela é uma boa companheira, não se esquece de ninguém, não liga para como você é, não te diz o que fazer, não te diz o que não fazer. Alguns a conhecem mais rápido, outros não, e outros resistem ao seu charme. Mesmo assim ainda há aqueles que a temem. Já ouvi dizer que ela toca violino, já ouvi dizer que ela é cruel e sem sentimentos. Eu acho que ela toca flauta, feita com restos de pessoas que jazem sob o solo. Não, eu não acho isso...

Antes do pequenino nascer, disse a Morte:
"Olá, seremos grandes amigos algum dia. Eu estarei sempre ao seu lado, mesmo que você não me veja e sempre que você não suportar mais as dores e temores de seu mundo, eu vou te carregar. Eu prometo."

E assim, sem conhecer o fato, o menino faz sua primeira e melhor amiga.
Com a radiação do parto, a morte é banida de volta para seu lar e a jovem criatura tem seus primeiros momentos de autonomia: o cordão umbilical é cortado. Chorava...

Foi um dia alegre esse, que já se passou há algum tempo. Hoje já não lembra mais nem desse dia, nem de sua amiga.
Agora é um garoto crescido, pré-adolescente, com seus sonhos e com suas dificuldades. Era tão associal que não tinha amigos, ninguém gostava dele porque ele tinha desejos e gostos diferentes de todo o resto, era realmente um estranho no corpo padronizado.

Certa vez a Morte o parou na rua deserta, quando voltava da escola, e perguntou se ainda se lembrava de sua velha amiga:
- Como vais, meu caro amigo, lembra-se de mim?
- Você só pode estar de brincadeira, - disse o garoto - eu não tenho amigo algum e não me lembro de você.
- Fui tua primeira e única amiga neste caminho todo que passaste. Havia prometido que estaria sempre ao seu lado e, quando você não tolerar mais esse sofrimento que chamam de vida, haverei de pegar-te. - Explicou a morte
- Então me leve para seu mundo.

E a morte levou-o para o mundo perfeito, para o sono eterno, para onde a confiança consegue ser absoluta.
E ninguém notou que ele havia morrido.


Biografia:
Nasci e, naturalmente, morrerei.
Número de vezes que este texto foi lido: 60478


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Past Dive Roberto Betini Junior
Contos A Morte e o garoto Roberto Betini Junior
Contos A Caixa Roberto Betini Junior
Contos Olhando para o Ego Roberto Betini Junior
Discursos Título à escolha do leitor Roberto Betini Junior
Discursos Cicatrizes na pele Roberto Betini Junior
Discursos Olhos míopes Roberto Betini Junior
Crônicas Diário de um suicida Roberto Betini Junior
Crônicas Diário de um suicida Roberto Betini Junior


Publicações de número 1 até 9 de um total de 9.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
REPELENTE - LUCILENE COSTA LICA 62919 Visitas
Correntes neoliberais - Isadora Welzel 62392 Visitas
O apagão aéreo toma conta de nossas mentes - alex dancini 62178 Visitas
Viver - Lion Bell 62095 Visitas
O ofício do professor - Patricia Ferreira Bianchini Borges 61911 Visitas
Os Construtores de Templos - Cesóstre Guimarães de Oliveira 61891 Visitas
Era uma vez...Espaço - Ivone Boechat 61850 Visitas
O câmbio na economia internacional - Isadora Welzel 61736 Visitas
Sobre a Coragem & Persistência - Geraldo Facco 61282 Visitas
RODOVIA RÉGIS BITTENCOURT - BR 116 - Arnaldo Agria Huss 61201 Visitas

Páginas: Próxima Última