Refrigero do coração
26.5.11
Estava com o coração apertado passando por provações, provocações e privações de toda forma. O sol ardia e eu urdia uma solução para enfrentar meus problemas.
Visitei livros e sites. Consultei amigos e fiz inúmeras orações. Procurava um refrigero para meu coração e não encontrava. Procurei e procurei. E olha que procurei. A desistência era premente, mas teimoso pra burro que sou não me enveredei por esse caminho.
“Dei um polimento na fivela”, quando um anjo azul colocou à minha frente um Cd das Bastianas, com a voz angelical da vocalista acompanhada do seu reluzente acordeom, debruçada nos textos do Romeu Lemos, tinindo nos meus ouvidos.
Voltei ao meu tempo de nordestino. Aos bailes de fins de semana quando se dançava agarradinhos. Meus pés comichavam para começar a mover-se, e como a bola jabulani, parecia ter vontade própria. As comidas citadas nos textos trazem um cheiro ao meu nariz, que me fez sai procurando, e eu vou atrás dele até a cozinha, mas os alimentos que estão sendo manuseados são outros, industriais, inodoras, sem aqueles sabores que dão água à minha boca, na vã esperança de tê-los novamente. A saudade aperta e começo a lembrar das galinhas de capoeira, as buchadas de bode, rabada... as vaquejadas... teiús tostados na brasa... fojo de pegar preá...
Minha esposa chega com sua bota marrom e sem eu falar nada ela começa a dançar ao som da sanfona convidativa.
Ai! Que saudade eu tenho... daquele som de Gonzagão!
Ainda bem que temos a Angélica!
Epa! Não pise no meu pé!
Hermélio Silva
Escritor e fã das Bastianas
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