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A seca e a escassez de educação
Copyright© 2012 by Otaviano Maciel de Alencar Filho
otaviano maciel de alencar filho



                   A seca que insiste em castigar incessantemente o sertão cearense não dá trégua. O semblante do trabalhador rural denuncia o sofrimento ocasionado pela escassez do elemento primordial à vida: a água! Não resta outra opção a não ser apelar aos céus na esperança de dias melhores. O santo padroeiro do estado do Ceará, São José, a cada ano passa a ter mais devotos que suplicam, em preces, sua interseção junto ao Pai Maior em favor de uma causa nobre, que é a solução do problema da escassez de chuvas no interior do estado. Enquanto a resposta do Alto não vem, o poder público, no seu eterno faz de contas, acredita minimizar esse tormento aplicando medidas paliativas, que a rigor em nada satisfaz a necessidade da população interiorana. A solução imediatista é o emprego dos chamados carros pipas, que levam água àquelas cidades mais afetadas pela prolongada estiagem. Porém, isso só não é suficiente, aliás, não é o bastante, uma vez que o consumo de água não é somente para saciar a sede abrasadora que desnutre e definha o corpo do já calejado sertanejo. O líquido precioso também é usado para cozinhar, lavar as roupas e os utensílios do lar, além do banho.
                    A obstinação em não se aplicar políticas públicas que atendam a necessidade do povo, é resultado de anos e anos de mandos e desmandos, herdados da época do “coronelismo”, quando em busca de votos, em épocas de eleição, as promessas milagrosas de solucionar as dificuldades do “rebanho eleitoreiro” eram postas em pautas e dadas como solução iminente. As coisas não mudaram muito até os dias de hoje. Apesar de o cenário político-social ter avançado em alguns setores, faz-se ressentir de ações voltadas para liquidar de vez a problemática do abastecimento de água nos lugares mais distantes das sedes dos governos. Será que se a capital do Ceará estivesse localizada, por exemplo, no município de Salitre, haveria falta de água?!
                    A perfuração de poços artesianos nas regiões atingidas pela estiagem, tem sido alternativa na busca de solucionar o problema, enquanto são cogitadas outras formas de atuação ostensiva, como a transposição de águas de rios perenes como o São Francisco, por exemplo. A dificuldade maior é que a água obtida nos poços é salobra, ou seja, a taxa de salinidade é alta. Isso faz com que esses projetos, segundo os órgãos responsáveis, não sejam viáveis em algumas localidades.
                    Enquanto isso o povo aguarda a resposta do Alto, olhando para o céu, na esperança de surgirem nuvens carregadas de água, própria para o consumo.
                     Alguns habitantes dessas regiões, ignorando as técnicas e recursos existentes na atualidade, no que diz respeito ao tratamento desse tipo de água, desabafam:
                     - Não adianta perfurar um poço aqui, pois a água não presta, é salobra!
                     Outros asseveram:
                     - Se o caminhão pipa viesse mais vezes, seria bom! É preferível andar umas léguas a mais a ter que utilizar essa água!
                    Esse é o tipo de discurso que qualquer candidato, sem escrúpulos, a uma vaga no poder público almeja escutar.
Não se pode cobrar muito de quem já sofreu o bastante em sua romagem terrena!
No entanto, basta lembrarmo-nos que em Israel, onde as condições climáticas são ainda mais críticas que as do nordeste do Brasil, o problema de abastecimento de água foi resolvido. E, diga-se de passagem, é modelo de gestão de recursos hídricos para o mundo. No território israelense foi construída a maior usina de dessalinização por osmose reversa do mundo. A água proveniente do mar mediterrâneo é então tornada potável e distribuída à população!
Os gestores públicos, em especial os vereadores, pessoas como nós, que alcançaram o status e a posição privilegiada em que se encontram graças a nossa confiança depositada neles através do voto, têm o dever de honrar com as suas devidas atribuições, tais como: Lutar pela construção e funcionamento de escolas, instalação de energia elétrica, pavimentação de vias públicas urbanas, perfuração e funcionamento de poços tubulares, abastecimento de água, etc...
                     Lembrando das palavras do Cristo, o sertanejo religioso comenta em tom baixinho com o turista, que se encontra ao seu lado, enquanto oram, na igreja:
                     - Amigo, Jesus disse: "pedis e obtereis". Tenho fé que dias melhores virão!
                     O visitante, reticente, disse:
                      - Não basta ter fé, também é importante instruir-se. O maior pecado é a ignorância e o seu maior castigo é o sofrimento!
                      O sertanejo olhou meio desconfiado. Em sua humilde condição de iletrado, mas não de burro, entendeu o que o visitante quis dizer, e, olhando nos olhos dele, tascou: Daqui em diante ninguém me põe mais cabresto!              








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