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Humor a todo custo
Copyright© 2012 by Otaviano Maciel de Alencar Filho
otaviano maciel de alencar filho




O som emitido pela sirene anunciava o fim do expediente. A turma que trabalhava no setor de controle de estoque aguardava ansiosamente o momento em que o gerente caminhava até o local onde estava instalado o dispositivo que acionava o estridente artefato sonoro.
O motivo de tamanha expectativa se dava por ser final de semana: sexta-feira, dia de “curtição”. Formávamos um grupo de pessoas e íamos até o centro da cidade, onde ficavam localizados alguns bares e casas de espetáculos de humor. Para ser mais preciso, o nosso ponto de encontro era o antigo calçadão C. Rolim, referência feita ao conjunto de lojas de calçados e confecções, de propriedade do grupo C. Rolim onde eram realizadas as apresentações artísticas.
                         As calçadas ficavam lotadas de mesas e cadeiras, que eram colocadas pelos comerciantes, na busca de ganharem a preferência dos frequentadores do local nos finais de semana.
Em meados da década 1980, era comum a apresentação de humoristas cearenses, que estavam iniciando suas caminhadas rumo ao estrelato, em praças públicas, calçadas ou qualquer outro lugar onde houvesse aglomeração de pessoas. Cantores, humoristas, palhaços, prestidigitadores e outros artistas faziam suas apresentações e, naturalmente, eram ovacionados pelo publico presente.
Naquela sexta-feira deixamos o local de trabalho, e contentes por haver chegado mais um final de semana, caminhamos até o ponto de ônibus mais próximo comentando sobre as atrações que logo mais iríamos assistir. A programação desta sexta-feira contava com a apresentação humorística de vários artistas da terra. O coletivo aporta, enquanto ainda falávamos sobre a diversão que iríamos ter. Adentramos o veículo que logo seguiu rumo a Praça José de Alencar, ponto final da linha de ônibus. Descemos e caminhamos pela Rua Guilherme rocha e no cruzamento com a Rua Senador Pompeu decidimos dar uma passada pelas Lojas Americanas e comprarmos algumas guloseimas
No magazine, fomos até a seção de cereais e pegamos alguns biscoitos. Enquanto isso, Marcio foi até a seção de perfumaria. Resolvi segui-lo. Ao chegar ao local observei que ele estava experimentando um desodorante. Percebi que ele estava se perfumando e aproveitando a oportunidade dos fiscais não estarem por perto. Evidentemente sua atitude não era lícita. Mas... Quem nunca foi ao supermercado e na seção de perfumaria não “passou” um pouquinho de loção no punho para sentir o aroma do perfume? Pois bem, aproveitei também o “embalo” e fui experimentando os desodorantes, sempre atento aos fiscais, pois eles não deixavam abrir os frascos.
Num misto de ansiedade e temor em não ser flagrado, tomei em minhas mãos um spray e levei-o até a altura do pescoço, sempre olhando para os lados. Premi o frasco e senti uma coisa gelada em meu pescoço. Ignorei. Afinal todo desodorante em aerossol é “geladinho”.
Sai do estado em que me encontrava, com meus colegas dando gargalhadas e apontando para mim.
Quando olhei para baixo fiquei mais apavorado do que estava: o frasco que estava em minhas mãos não era de desodorante, mas de creme para barbear. Imediatamente larguei-o e passei a retirar grande quantidade de espuma que se alojara sob meu queixo descendo pescoço abaixo indo de encontro à camisa de cor vermelha que estava usando. E agora, como sair daquele local sem ser visto. Se fosse pego iria parar em uma saleta com uns grandalhões, levar uns bofetões e ainda pagar pela mercadoria!
Abruptamente, sem pestanejar, sai de “fininho”, buscando a saída, enquanto os três “amigos da onça” continuavam a me ridicularizar. Saindo da loja fui até a Praça do Ferreira com Jorge me acompanhando. Ficamos aguardando a chegada de Márcio e Orlaneudo, que foram pagar os biscoitos. Enquanto isso esperava secar a mancha branca que ficou em minha camisa.
Quando chegaram não pararam de gozar com o acontecimento. Um tanto bravo, bradei:
– Então não vão parar de dar risadas, afinal de contas o espetáculo é mais adiante.
Alguns minutos depois descemos rumo ao calçadão para ali sim, darmos boas gargalhadas.
Quando chegamos o show já havia começado. Os comediantes animavam a platéia. O interessante é que, sem tirar o mérito dos artistas, notei que meus colegas nunca riram tanto quanto naquela noite. Acredito que por algum tempo eles conservaram em suas mentes as cenas do episodio ocorrido minutos atrás.
O importante foi que me diverti bastante... e eles mais ainda!   



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