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Amor... Eterno amor
Copyright© 2012 by Otaviano Maciel de Alencar Filho
otaviano maciel de alencar filho

Valter e Jane formavam um casal que poderíamos designar de “perfeito”. A identidade de gostos e o respeito mútuo que havia entre os dois não permitiam especulações daninhas por parte de pessoas inescrupulosas que vivem falando mal da vida alheia. A união matrimonial, que chegara às bodas de ouro, reforçava cada vez mais o comprometimento assumido décadas atrás. Cinco décadas de dedicação e renúncia de ambas as partes indicavam que o caminho a ser trilhado por todos os casais que almejam um relacionamento tranquilo e sem dissabores, é árduo. O amor existente entre os dois não se ressentia do ciúme doentio, que avassala grande parte dos corações enamorados. A cumplicidade afetiva tornava-os “um só”.
Certo dia, demonstrando forte emoção, Jane dirigiu a Valter palavras que carreavam profundo sentimento de amor e renúncia:
- Querido, já faz cinquenta anos que estamos casados e não somos mais aqueles jovens de outrora, cheios de vivacidade, daqui a alguns anos, mais cedo ou mais tarde deixaremos o nosso mútuo convívio, indo habitar outros planos existenciais, e se existe oportunidade de vivenciarmos novamente a experiência em novo corpo, após esta existência, tal qual apregoa as doutrinas Valter e Jane formavam um casal que poderíamos designar de “perfeito”. A identidade de gostos e o respeito mútuo que havia entre os dois não permitiam especulações daninhas por parte de pessoas inescrupulosas que vivem falando mal da vida alheia. A união matrimonial, que chegara às bodas de ouro, reforçava cada vez mais o comprometimento assumido décadas atrás. Cinco décadas de dedicação e renúncia de ambas as partes indicavam que o caminho a ser trilhado por todos os casais que almejam um relacionamento tranquilo e sem dissabores, é árduo. O amor existente entre os dois não se ressentia do ciúme doentio, que avassala grande parte dos corações enamorados. A cumplicidade afetiva tornava-os “um só”.
Certo dia, demonstrando forte emoção, Jane dirigiu a Valter palavras que carreavam profundo sentimento de amor e renúncia:
- Querido, já faz cinquenta anos que estamos casados e não somos mais aqueles jovens de outrora, cheios de vivacidade, daqui a alguns anos, mais cedo ou mais tarde deixaremos o nosso mútuo convívio, indo habitar outros planos existenciais, e se existe oportunidade de vivenciarmos novamente a experiência em novo corpo, após esta existência, tal qual apregoa as doutrinas reencarnacionistas, rogarei a Deus a oportunidade de estar novamente ao seu lado.
Dos olhos de Valter, lágrimas foram vertidas e rolaram sobre a face marcada pelas rugas adquiridas pelo tempo, ao mesmo tempo em que agindo tal qual criança balbuciava palavras trêmulas, manifestando o seu temor por revelação tão inusitada.
- Suas palavras estão me deixando preocupado, por que essa conversa tão repentina?- Indagou.
Neste instante os olhos de Jane marejaram, e com embargo na voz, acentuou:
- Meu amado, devemos estar preparados para tudo nesta vida, não sei como explicar, contudo o amor que nos une não me permite deixar de agir com sinceridade para contigo. Faz algumas semanas que me sinto estranha, como se aos poucos minha vitalidade estivesse esvaindo-se.
- Não fale assim, Jane. Você está muito cansada. Vá deitar um pouco e quando acordar iremos passear no bosque, à tardinha! – Disse ele, beijando-lhe a fronte.
Passadas algumas horas, Valter dirigiu-se ao quarto e se deparou com um quadro estarrecedor: Sua amada encontra-se inerte sob os lençóis. Desesperado, tenta reanimá-la. Foram inúteis as tentativas. Neste momento chega Dona Anália, vizinha e amiga do casal, fazendo esforço para acalmar o cônjuge inconformado. Os filhos foram avisados do acontecimento trágico e tomaram as providências necessárias. Nada mais podia ser feito a não ser levar a vida adiante. Valter aceitou o convite de sua filha e foi morar com ela, o genro e dois netos.
A vida estava retornando à normalidade, quando outro episódio trágico assolou a família: Valter sofreu um infarto do miocárdio, e não resistindo, veio a falecer numa manhã de primavera.
No início dos anos oitenta, em um baile comemorativo de conclusão de curso universitário, dois jovens, amigos de infância, entabulam conversa animada:
- Eduardo, meu amigo, como está a vida afetiva, já se “amarrou” em alguém?
- Que conversa é essa Guilherme, esse negócio não é pra mim. Ainda não encontrei a minha outra metade! Sabe, né?!
Nesse ínterim, uma bela moça se aproxima dos dois, era Renata, uma garota que estava “ficando” com Guilherme, e abraçando-o, exclama:
- Que bela amizade existe entre vocês, sempre que os vejo estão juntos, sinto até inveja, afinal o Dudu passa mais tempo com você, que você comigo! – Falou, soltando um sorriso maroto.
- Não precisa ficar com ciúmes Renata, afinal, nós três somos amigos desde a infância. - Retrucou Eduardo.
- Humm! Tomara!
A verdade é que Renata sabia da preferência sexual de Eduardo por companhia do mesmo sexo, e isso às vezes a incomodava, mesmo sabendo que Guilhermenão compartilhava da opção sexual de seu amigo. Mas Eduardo não dava trégua, estava sempre presente no lugar em que ela e Guilhermeestivessem.
O relacionamento de amizade entre os dois vinha desde a infância, quando a família de Guilherme foi morar em uma casa próximo a de Eduardo. Desde a infância Eduardo demonstrava aptidão aos afazeres direcionados preferencialmente ao sexo feminino, o que foi se acentuando na adolescência, chegando à juventude. Esse modo de viver de Eduardo nunca o incomodou. O que Guilherme apreciava no amigo, era exatamente o respeito dispensado por ele. Nunca, em algum momento, ele se insinuou, faltando-lhe com o devido respeito. Eduardo, porém, sofria muito, pois ele sentia pelo amigo mais que uma simples amizade, contudo guardaria consigo todo este sentimento atroz.
No Final do ano de 1982 Eduardo sofreu um acidente automobilístico e ficou meses em coma, em um leito de hospital. Guilherme e Renata passaram a fazer vigílias no hospital, acompanhando o amigo. Já fazia seis meses e duas semanas e nada de Eduardo dar sinais de saída do estado de inércia, quando, de súbito, ele começou a falar com muita dificuldade frases desconexas:
- Valter, meu amor onde está você. Procuro-o e não o vejo. Sinto você perto de mim, mas onde?
- Eduardo, pode ouvir-me? – Perguntou Guilherme.
- Não me chamo Eduardo, sou Jane e onde está Valter?
Os dois entreolharam-se, sem entenderem o que se passava. Chamaram o médico de plantão e relataram o acontecido. O profissional tranquilizou-os, afirmando que os pacientes que se encontram neste estado têm alucinações, pois o cérebro está em total desarranjo.
- Entretanto, o mais importanteé que o paciente está dando sinais de recuperação! – Acentuou o médico.
Passados dois meses depois deste acontecimento, Eduardo já se encontrava em seu apartamento, em pleno restabelecimento de sua saúde.
No final dos anos oitenta Guilherme e Renata contraíram matrimônio. Eduardo e Márcia, amiga do casal,foram os padrinhos de casamento.
Eduardo continua solteiro. A amizade com Guilherme e Renata ficou ainda mais sólida. Com certeza eles formam uma verdadeira família, com sentimentos baseados na lei de amor, fraternidade e solidariedade!

, rogarei a Deus a oportunidade de estar novamente ao seu lado.
Dos olhos de Valter, lágrimas foram vertidas e rolaram sobre a face marcada pelas rugas adquiridas pelo tempo, ao mesmo tempo em que agindo tal qual criança balbuciava palavras trêmulas, manifestando o seu temor por revelação tão inusitada.
- Suas palavras estão me deixando preocupado, por que essa conversa tão repentina?- Indagou.
Neste instante os olhos de Jane marejaram, e com embargo na voz, acentuou:
- Meu amado, devemos estar preparados para tudo nesta vida, não sei como explicar, contudo o amor que nos une não me permite deixar de agir com sinceridade para contigo. Faz algumas semanas que me sinto estranha, como se aos poucos minha vitalidade estivesse esvaindo-se.
- Não fale assim, Jane. Você está muito cansada. Vá deitar um pouco e quando acordar iremos passear no bosque, à tardinha! – Disse ele, beijando-lhe a fronte.
Passadas algumas horas, Valter dirigiu-se ao quarto e se deparou com um quadro estarrecedor: Sua amada encontra-se inerte sob os lençóis. Desesperado, tenta reanimá-la. Foram inúteis as tentativas. Neste momento chega Dona Anália, vizinha e amiga do casal, fazendo esforço para acalmar o cônjuge inconformado. Os filhos foram avisados do acontecimento trágico e tomaram as providências necessárias. Nada mais podia ser feito a não ser levar a vida adiante. Valter aceitou o convite de sua filha e foi morar com ela, o genro e dois netos.
A vida estava retornando à normalidade, quando outro episódio trágico assolou a família: Valter sofreu um infarto do miocárdio, e não resistindo, veio a falecer numa manhã de primavera.
No início dos anos oitenta, em um baile comemorativo de conclusão de curso universitário, dois jovens, amigos de infância, entabulam conversa animada:
- Eduardo, meu amigo, como está a vida afetiva, já se “amarrou” em alguém?
- Que conversa é essa Guilherme, esse negócio não é pra mim. Ainda não encontrei a minha outra metade! Sabe, né?!
Nesse ínterim, uma bela moça se aproxima dos dois, era Renata, uma garota que estava “ficando” com Guilherme, e abraçando-o, exclama:
- Que bela amizade existe entre vocês, sempre que os vejo estão juntos, sinto até inveja, afinal o Dudu passa mais tempo com você, que você comigo! – Falou, soltando um sorriso maroto.
- Não precisa ficar com ciúmes Renata, afinal, nós três somos amigos desde a infância. - Retrucou Eduardo.
- Humm! Tomara!
A verdade é que Renata sabia da preferência sexual de Eduardo por companhia do mesmo sexo, e isso às vezes a incomodava, mesmo sabendo que Guilherme não compartilhava da opção sexual de seu amigo. Mas Eduardo não dava trégua, estava sempre presente no lugar em que ela e Guilherme estivessem.
O relacionamento de amizade entre os dois vinha desde a infância, quando a família de Guilherme foi morar em uma casa próximo a de Eduardo. Desde a infância Eduardo demonstrava aptidão aos afazeres direcionados preferencialmente ao sexo feminino, o que foi se acentuando na adolescência, chegando à juventude. Esse modo de viver de Eduardo nunca o incomodou. O que Guilherme apreciava no amigo, era exatamente o respeito dispensado por ele. Nunca, em algum momento, ele se insinuou, faltando-lhe com o devido respeito. Eduardo, porém, sofria muito, pois ele sentia pelo amigo mais que uma simples amizade, contudo guardaria consigo todo este sentimento atroz.
No Final do ano de 1982 Eduardo sofreu um acidente automobilístico e ficou meses em coma, em um leito de hospital. Guilherme e Renata passaram a fazer vigílias no hospital, acompanhando o amigo. Já fazia seis meses e duas semanas e nada de Eduardo dar sinais de saída do estado de inércia, quando, de súbito, ele começou a falar com muita dificuldade frases desconexas:
- Valter, meu amor onde está você. Procuro-o e não o vejo. Sinto você perto de mim, mas onde?
- Eduardo, pode ouvir-me? – Perguntou Guilherme.
- Não me chamo Eduardo, sou Jane e onde está Valter?
Os dois entreolharam-se, sem entenderem o que se passava. Chamaram o médico de plantão e relataram o acontecido. O profissional tranquilizou-os, afirmando que os pacientes que se encontram neste estado têm alucinações, pois o cérebro está em total desarranjo.
- Entretanto, o mais importante é que o paciente está dando sinais de recuperação! – Acentuou o médico.
Passados dois meses depois deste acontecimento, Eduardo já se encontrava em seu apartamento, em pleno restabelecimento de sua saúde.
No final dos anos oitenta Guilherme e Renata contraíram matrimônio. Eduardo e Márcia, amiga do casal,foram os padrinhos de casamento.
Eduardo continua solteiro. A amizade com Guilherme e Renata ficou ainda mais sólida. Com certeza eles formam uma verdadeira família, com sentimentos baseados na lei de amor, fraternidade e solidariedade!



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