I
São fenestras os gomos
Pelos quais atentamos
As planuras umbráis
Das vivências mortais.
II
Somos todos, na essência,
Andorinhas na existência;
Procurando suas asas
Emplumadas, saudosas.
III
Embraseados, os círios
Sempre choram martírios.
Mas logo chega o fim,
Ao finar do estopim.
IV
– Ladeirenta é a tristeza!
Assim diz, à natureza,
O louco que plantou
O mal que lhe causou!
V
Mesmo sendo floridas,
Aprendeis co’as roseiras
Quanto são doloridas,
Das paixões, as feridas.
VI
Marteladas figuram
As palavras que furam
E também que edificam
Corações que se quebram.
Que os vocábulos teus
Sejam sempre apogeus
Do terceiro verseto.
VII
O revide dizeis,
Se bem certo o sabeis:
O reflexo no espelho
És tu ou tu és o reflexo
Esculpido no espelho?
VIII
No jardim dos ugerbos,
São precípuos os verbos
Que se deve entender:
Estranhar, aprender,
Questionar, conceber.
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