A salvação do mundo em três de outubro!
Ouço todo dia na TV esses senhores que entendem de tudo, inclusive de política. Que vão fazer e acontecer. Vão aquilo, aquilo outro, outro aquilo, aquilo aquilo, aculá, cula-á. Tomam um tempo imenso nas telecomunicações, prometem, remetem, preterem. O país todo no oba oba das propagandas e marketing eleitorais. Eu fico pensando nas pessoas que estão com cinqüenta ou mais, já viram esse filme. escutaram, acreditaram, participaram dessa farsa, e hoje, não acreditam em mais nada, a maioria.
- Vem um e diz; vou... Os hospitais, - vem outro vou... Educação, - vem outro... A violência; vem outro... O salário, poluição, pobreza, distribuição de renda, mais justiça. Todo mundo vai fazer tudo, vai construir um novo Brasil, ah, ih, oh. Seremos uma nova nação depois dessas eleições. Um outro povo, quase europeu, primeiro mundo quem sabe? Meu ouvido não é pinico, não agüento mais ver esse tipo de propaganda. O cara pode até está falando a verdade, mas o formato da coisa me dá náusea.
E sou politicamente engajado. Alias, desconfio que essas eleições, não são; para pessoas politicamente engajadas. “Não tem mais esquerda”, não podemos falar mal da burguesia, até porque queremos ar condicionado, TV LCD plasma, e outros caprichos do mercado mundial. Não tem centro, não tem direita. Acho que são todos da direita, até porque, querem endireitar tudo. E as coligações, nossa! Fulano da esquerda com fulano da direita, sicrano da direita com sicrano da guerrilha. Militar com esquerdista, guerrilheiro com coronel sertanejo, que loucura.
Ficou difícil ter uma coerência partidária, política e ética, tudo isso se perdeu. Não to dizendo que temos que fundar o CCCP, Deus me livre. Mas também decretar uma suruba partidária... Dizem que é a modernidade, que esse tempo de radicalismo já era. Acho que muita coisa tá ultrapassada mesmo como; comunista não trepa, não pode escutar Rock, e outras coisas mais. Para ser engajado tem que ser feio e recitar trechos do Capital de Marx. Os burgueses não prestam, nunca vá a uma festa de burguês. Quanta besteira; são as melhores festas. Quem não gosta de um prosecco de primeira, uns canapés deliciosos, uma mulher bem cuidada que usa creminhos caros, com rostinho de porcelana. Agora sei, o quanto perdi!
Tá eu sei, somos muito doidos também. Acho que fiquei doido de tanto ler Marx, não foi Lênin, não foi Carlos Castaneda, esse é de deixar qualquer um doido mesmo. Política ou sexo? Só fui me formar sexualmente depois que enjoai de política. Como nada mais fazia sentido, comecei a trepar, me especializei em mulheres que preferem tudo, menos política. Estou muito feliz agora, quase feliz?! Alguém sabe em quem votar? Estou em duvida, não sei se voto nos catedráticos da minha época sandinista, ou no meu vizinho que vem como deputado. Disseram-me na minha redondeza, que não adianta votar em neguinho lá do caixa prego, que você nem conhece. Depois não dá para pedir coisa nenhuma o cara, um emprego, passe único, chopinho e até uma gatinha, se é que me entendem!
Não sei se notaram, sou mais um dos descontentes, alienados e ludibriados filosoficamente falando. Eu que sabia de tudo, quem era bom político. Fazia minhas previsões, escalava os melhores representantes, fazia um cronograma, uma lista com os cascas grossas da política. Correlacionava, pesava. Passava noites discutindo, era quase uma greve de sexo. Discutir política e tão cansativo que o cara fica estafado, não tem vontade de mais nada, a não ser, discutir política. Tenho saudade dessa época, mentira, não tenho não! Tenho sim!
Como repararam estou tão confuso, que mal consigo escolher um candidato a altura das minhas pilhas de tratados políticos e filosóficos. Não sei o que aconteceu comigo. Acho que fiquei babaca, muitos da minha época ficaram babacas. É o que ouço quando passo por uns caras cabeludos empinado bandeiras, ou quando me deparo com camaradas cara pintadas pedindo umas moedas – sou calouro senhor! É perdi mesmo o animo para esse negócio de política. Não perdi, só enjoei. Sei lá?
Tentei pegar minhas apostilas para fazer uma analise séria da situação. Descobri que tenho um mapa onde a União Soviética era constituída de todos os paises do leste europeu, então não rolou, muito defasado. Senti-me no filme “Adeus Lênin” a Alemanha unificada eu meio viajandão. Historiei todos os partidos de esquerda desde setenta, descobri que muitos ícones políticos já não fazem mais parte desse mundo, que ótimo para eles, é claro. Configurei todos os lideres de DCES atuais, descobri que não conheço nenhum deles, azar o meu! Pergunto nos botecos sobre a atual conjuntura política, eles não sabem de nada, preferem a Dani Bananinha.
Outro dia ligou para mim uma menininha, até com a voz bem sexy.
- o senhor conhece Fiorillo Ambrosio.
- não conheço não, respondi curiosamente. E perguntei a ela se assa pesquisa era direcionada pelo Fio Cruz, CAP, IUPERJ.
- ela respondeu; não senhor e do diretório dele aqui em Alcântara.
- ok, fui educado e não questionei, era cedo eu tinha muito sono para isso.
Quer dizer, que agora tenho que conhecer todo mundo. Eles agora fazem pesquisa por telefone, como descobriram o meu. Fiquei desconfiado, será que alguma ficha do DOPS foi parar na mão desses caras. A pessoa não tem nenhum senso de Metodologia da Pesquisa das Ciências Políticas. É só pegar o telefone é pronto! Tá tudo dominado! Ainda me perguntam se eu entendo de política, e sendo assim, se eu quero discuti-la. Podendo evitar é bom né.
Fico abismado com o fato aterrador de “elegíveis” que não tem grau de escolaridade. Não querendo generalizar, tem uns caras que não tem uma formação “Acadêmica”, mas investiram em outro tipo de formação, e inclusive, dão um banho de política; mas isso só acontece em vinte cinco milhões de anos. Aí cismam de virar funcionário público. Fala sério! Alguém sabe o sacrifício que é virar funcionário público. Tenho amigos que nunca namoraram até os vinte cinco anos, estudavam todos os finais de semana, não tinham tempo pra nada. E tem o fatídico episódio, mesmo que você abdique de tudo, não te dá garantia de passar em um concurso público. Aí vem um fulano dizendo que sabe de tudo, que ele é o melhor, que você tem que votar nele. Daí eu pego, ligo o computador acesso o site Club da Putaria, é feito um remédio para traumas causados por missionários que em suas falácias trazem a verdade absoluta. Mas mesmo assim ainda me chamam de babaca.
Se queriam me deixar com raiva de política conseguiram. Sou o exemplo de exclusão, tanto econômica como intelectual. Não tenho o mínimo saco para debates, falácias, discursos, tratados, panfletos, Plano Real, Plano Bresser, bolsa família. Mas hoje especialmente me deu um negocio, aí eu pensei, vou escrever uma crônica política. É triste participar do panorama político sem nenhuma convicção utópica, sem ideologia que me faça acreditar nas mudanças. A coisa ficou tão ruim, que nem debate da vontade de ver. Da vontade de nada. Mais o que é política hoje... N...
Ass, Lathea
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